Em uma ação sem precedentes, a China convocou uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para denunciar formalmente as práticas comerciais do governo Trump, acusando-o de intimidação através do comércio internacional. A reunião, marcada para 23 de abril, será aberta aos 193 países membros da ONU, não apenas aos 15 membros do Conselho de Segurança.
A guerra comercial entre as duas potências atingiu níveis alarmantes, com tarifas americanas chegando a 245% em alguns produtos chineses. O governo Trump implementou uma série de medidas tarifárias que incluem:
* Imposição de 125% em tarifas recíprocas, 20% relacionados à crise do fentanyl e 100% em impostos adicionais para produtos como carros elétricos, seringas e agulhas
* Taxação de 173% para baterias de lítio, 170% para carne de lula e 169% para blusas de lã
* Suspensão temporária de algumas tarifas recíprocas por 90 dias, com risco de impactos ainda mais severos caso não haja acordo
A China argumenta que as medidas americanas são atos de intimidação contra nações soberanas, com potencial para desestabilizar a economia global. Em documento circulado, Pequim afirma que “todos os países, especialmente as nações em desenvolvimento, são vítimas do unilateralismo e das práticas de intimidação”.
Instituições internacionais alertam para as graves consequências econômicas deste conflito. A OMC prevê que, nas condições atuais de tarifas mútuas acima de 100%, o comércio entre as duas superpotências poderia encolher em 81%, chegando a 91% se produtos eletrônicos forem incluídos.
A diretora-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala, adverte que tarifas acima de 125% podem resultar na criação de “dois blocos isolados”, com potencial impacto no PIB global de 7% ao longo dos anos. Algumas economias poderiam enfrentar retrações superiores a 10%.
Diante da gravidade da situação, a OMC considera convocar uma reunião ministerial extraordinária para reafirmar a necessidade de manutenção das regras globais de comércio.