Precisamos reconhecer que vários esforços se fazem necessários e, sobretudo, que somos os guardiões de nossa história
Muitas vezes percebo o quanto as pessoas vivem relações tão difíceis que parecem cenas de um filme de terror. Estamos falando de relacionamentos que há muito já acabaram, mas estão presos por uma toxicidade tão grande e devastadora quanto um tsunami.
Então, nos perguntamos: por que continuam juntos, se a convivência é tão nefasta e destrutiva?
E não falo apenas de vínculos entre casais que há muito já deixaram de se constituir como tais. De modo geral, é incrível o número de pessoas que precisam se nutrir do mal que as relações lhes causam.
É difícil perceber que estamos presos a um padrão que nos condiciona a uma existência tão empobrecida de afetos. O pior é que, muitas vezes, este parece ser entendido como o único lugar em que podemos estar.
Nas relações afetivas, às vezes, vivemos padrões que se repetem, como os de nossos pais. E assim podemos achar que não temos saída a não ser repetir a história. Mas será que não temos o direito livre de escrever outras páginas de nossas histórias?
É possível tentar uma saída mais leve e saudável. Para isso, é necessário romper com medos e partes do nosso passado que insistem em nos assombrar. Isso também ocorre nas lealdades a amigos. Nem todas as relações devem ser perpetuadas; é bom ver o que realmente é válido e importante.
O medo de abrir a porta e dar um passo sem saber aonde esse caminho leva pode também nos paralisar e nos impedir de seguir adiante. Para que consigamos abrir este novo portal de nossas vidas, precisamos reconhecer que vários esforços se fazem necessários e, sobretudo, que somos os guardiões de nossa história. Sempre é tempo de escrever um novo capítulo.
Mas esse momento só acontece quando descobrimos que somos merecedores de viver uma vida mais iluminada e plena, e deixamos de ter culpa por sermos mais livres e menos doentes.