Um estudo alarmante publicado pelo periódico The Lancet em setembro de 2024 revela que infecções causadas por bactérias resistentes a antibióticos podem resultar em mais de 39 milhões de mortes globalmente até 2050. A região sul da Ásia, especialmente Índia, Paquistão e Bangladesh, pode concentrar aproximadamente um terço dessas mortes.
Além das mortes diretas, a pesquisa indica que a resistência aos antibióticos pode estar indiretamente relacionada a mais de 169 milhões de óbitos no mesmo período. Isso ocorre porque a ineficácia dos antibióticos pode transformar infecções simples em casos de difícil tratamento com graves complicações.
O estudo, que analisou dados de 204 países e territórios desde 1990, apresentou descobertas preocupantes:
* Atualmente, mais de 1 milhão de pessoas morrem anualmente devido a infecções resistentes a antibióticos
* Projeta-se um aumento para 1,91 milhão de mortes diretas por ano até 2050
* As mortes associadas à resistência bacteriana podem atingir 8,22 milhões anualmente
* Comparado a 2021, isso representa um aumento de 67,5% nas mortes diretas e 74,5% nas mortes associadas
* Um dado positivo foi observado em crianças menores de 5 anos, com redução pela metade no número de mortes
A gravidade da situação levou a OMS a classificar a resistência aos antibióticos entre as dez maiores ameaças à saúde pública mundial em 2019, superando mortes por AIDS e malária. O estudo examinou 11 doenças graves, incluindo meningite e sepse, utilizando dados de 520 milhões de pessoas.
Os pesquisadores apontam que é possível evitar até 92 milhões de mortes entre 2025 e 2050 através de medidas como tratamentos mais eficientes para infecções graves, desenvolvimento de novas vacinas preventivas e, principalmente, uso mais criterioso de antibióticos, restrito apenas a casos com prescrição médica e real necessidade.