A ministra Gleisi Hoffmann (PT) assume um papel central na articulação política do governo Lula, buscando concentrar as negociações com o Congresso Nacional que antes eram divididas entre diversos ministros. Sua chegada à Secretaria de Relações Institucionais marca uma mudança significativa no modelo de articulação política do governo.
Após um período marcado por instabilidade na base parlamentar e atritos com o Legislativo, a nova estratégia visa estabelecer uma comunicação mais direta e eficiente. Aliados destacam que Gleisi poderá conduzir negociações com maior respaldo do presidente Lula, priorizando as lideranças partidárias.
* A ministra iniciou sua gestão promovendo encontros estratégicos, incluindo um almoço com líderes de partidos de esquerda no Palácio do Planalto e um jantar com integrantes do centrão em seu apartamento em Brasília
* Gleisi estabeleceu reuniões com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), sinalizando sua disposição para “somar” e “colaborar com todos”
* O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), destacou que “toda a relação será com líderes e presidentes das Casas. Nada no varejo. É fortalecer os líderes e o colégio de líderes”
Uma das principais mudanças propostas por Gleisi é a centralização das negociações para evitar ruídos e descumprimento de acordos, problema frequentemente apontado por parlamentares nos últimos dois anos. A ministra tem demonstrado compromisso em manter uma relação mais franca com deputados e senadores, indicando claramente a viabilidade dos pedidos.
Apesar da inicial desconfiança devido ao seu histórico de atritos com parlamentares, líderes têm elogiado os primeiros dias de Gleisi no cargo. Sua chegada coincide com um momento de reaproximação entre o presidente Lula e as presidências das casas legislativas, marcado por encontros recentes com Motta e Alcolumbre.
A articulação política ganha especial importância num momento em que o governo busca fortalecer sua base de apoio e melhorar a relação com o Congresso. A ministra demonstra consciência do desafio, especialmente considerando a baixa popularidade do governo e a proximidade das eleições de 2026.
Em seu discurso de posse, Gleisi reforçou seu compromisso com o diálogo, afirmando que chegou “para somar” e trabalhar num “governo de ampla coalizão, dialogando com as forças políticas do Congresso e com as expressões da sociedade, suas organizações e movimentos”.