O Brasil registrou um caso de feminicídio a cada 17 horas em 2024, totalizando 531 vítimas em nove estados monitorados pela Rede de Observatórios da Segurança. O estudo, que abrange Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo, revelou que 75,3% dos crimes foram cometidos por pessoas próximas às vítimas.
O boletim “Elas Vivem: um caminho de luta”, divulgado pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), apresentou dados alarmantes sobre a violência contra a mulher no país. Em 2024, foram registradas 4.181 mulheres vitimadas, um aumento de 12,4% em comparação com 2023.
* São Paulo lidera com mais de mil eventos violentos contra mulheres em 2024, totalizando 1.177 casos, um aumento de 12,4% em relação ao ano anterior. Foram 144 feminicídios, sendo 125 cometidos por parceiros ou ex-parceiros.
* O Rio de Janeiro registrou 633 casos de violência de gênero, com 63 feminicídios e 261 tentativas. Do total de crimes, 197 foram cometidos por parceiros ou ex-parceiros.
* Pernambuco, apesar de apresentar redução de 2,2% nos casos de violência, registrou 69 feminicídios, ficando em segundo lugar entre os estados monitorados.
* O Amazonas, em seu primeiro ano de monitoramento, registrou 604 casos de violência e 33 feminicídios, superando estados mais populosos.
A pesquisadora Edna Jatobá, que assina o principal texto do relatório, destaca: “Apesar de importantes avanços ao longo dos anos com a institucionalização dos mecanismos de proteção às mulheres, como as Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs), a Lei Maria da Penha e a tipificação do feminicídio como crime – que deveriam estar mais consolidados e dotados de melhores condições de funcionamento –, a violência contra mulheres e o feminicídio continuam sendo uma realidade alarmante em nosso país”.
O estudo também aponta problemas na transparência dos dados, com diversos estados apresentando falhas no registro de informações cruciais como motivação dos crimes e marcadores sociais e étnico-raciais, elementos fundamentais para a compreensão do fenômeno e desenvolvimento de políticas públicas efetivas.