A decisão dos Estados Unidos de impor tarifas ao aço e alumínio brasileiros gerou uma reação diplomática do governo brasileiro, que considera recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC), instituição que regula o comércio internacional entre 166 países-membros.
A medida protecionista americana afeta diretamente o Brasil, que é um dos principais exportadores de metal para os Estados Unidos. Segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), 54% das exportações brasileiras de ferro e aço têm como destino o mercado americano.
Em nota conjunta, os ministérios das Relações Exteriores e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços manifestaram seu descontentamento com a decisão americana, classificando-a como “injustificável e equivocada”. O documento destaca que os Estados Unidos mantêm um superávit comercial com o Brasil, que alcançou “US$ 7 bilhões somente em bens” em 2024.
O comunicado enfatiza a relação de complementaridade entre os dois países, destacando que o Brasil é o terceiro maior importador de carvão siderúrgico dos EUA, com importações de US$ 1,2 bilhão, além de ser o principal exportador de aço semiacabado para o mercado americano, representando US$ 2,2 bilhões, ou 60% do total das importações americanas deste produto.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, indicou que a orientação do governo é buscar uma solução negociada, descartando medidas retaliatórias. A pasta prepara uma nota técnica com propostas das siderúrgicas brasileiras, que será encaminhada ao vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin, para subsidiar as negociações com os americanos.
Tanto o Instituto Aço Brasil, representante dos produtores de aço, quanto a CNI demonstraram preferência por uma resolução diplomática do impasse, privilegiando o diálogo entre os governos.
O governo brasileiro reafirma seu compromisso com o sistema multilateral de comércio e buscará, em conjunto com o setor privado, defender os interesses dos produtores nacionais junto às autoridades americanas.