A China manifestou forte oposição às recentes medidas tarifárias impostas pelos Estados Unidos relacionadas ao comércio de fentanil, acusando Washington de prejudicar a cooperação bilateral no combate às drogas. A decisão americana de aumentar as tarifas sobre importações chinesas de 10% para 20% gerou tensões diplomáticas entre as duas potências.
O presidente dos EUA, Donald Trump, justificou o aumento tarifário como uma punição à China pela suposta falha em interromper o envio de produtos químicos utilizados na produção do opióide fentanil para território americano.
* A cooperação entre EUA e China sobre o fentanil foi retomada há mais de um ano, durante o governo Biden, resultando em diversas visitas diplomáticas e melhor compartilhamento de informações entre investigadores.
* Em 2019, durante o primeiro governo Trump, a China implementou controle nacional sobre o fentanil e seus análogos, efetivamente interrompendo exportações ilícitas do produto acabado.
* Exportadores adaptaram suas estratégias, passando a comercializar produtos químicos “precursores” ou “pré-precursores” utilizados na fabricação do fentanil por cartéis mexicanos.
Uma autoridade sênior do Ministério das Relações Exteriores da China declarou durante reunião em Pequim: “Os EUA deveriam ter nos agradecido muito”. O representante chinês ainda criticou a postura americana: “Lamentavelmente, os Estados Unidos não apreciam essa gentileza. Pelo contrário, estão usando a questão do fentanil para espalhar todos os tipos de mentiras e têm difamado a China”.
A situação é particularmente preocupante nos Estados Unidos, onde o abuso de fentanil representa uma das principais causas de morte. Uma investigação da Reuters no ano passado expôs como traficantes transportam ingredientes do fentanil produzidos na China para os EUA e México, onde são processados em laboratórios clandestinos.
A China argumenta que as ações americanas “prejudicarão seriamente o diálogo e a cooperação entre os dois países no controle de medicamentos” e se opõe firmemente às pressões e ameaças dos EUA que utilizam a questão do fentanil como justificativa para medidas econômicas punitivas.