A liberdade de sair de um relacionamento tóxico pode ser um caminho de saúde, de algo que não existia mais
É importante percebermos que, às vezes, estamos presos em relacionamentos que acabam por nos deixar adoecidos e que já não nos pertencem mais. Podemos dizer o quanto algumas dessas situações fazem parte de nossa vida e, muitas vezes, achamos que está tudo bem e acabamos adoecendo e perdendo a nossa alegria de vida, entrando em vivências depressivas por medos, inseguranças e tantos outros aprisionamentos que habitam nosso mundo interno e que merecem ser cuidados ou talvez vistos num trabalho analítico.
O medo do julgamento do mundo, dos pais, dos filhos, da sociedade. O nosso medo de poder imaginar uma outra vida, de como irei seguir sem esta relação que me faz tanto mal e que me aprisiona.
Estas relações tóxicas que se iniciam muitas vezes desde a nossa infância, já com nossos amigos, e com a necessidade de sermos aceitos, faz com que a criança fique sempre à disposição, o que mais tarde acaba por cobrar um preço alto. Pois este padrão muitas vezes continua na juventude, na necessidade de dependência da aceitação da turma, do grupo (é normal nos adolescentes, mas tem limites).
Esta dependência do amor do outro é tão grande que, muitas vezes, acabamos por abdicar do nosso amor. E passamos a viver escravizados em relacionamentos altamente comprometedores.
Quantos casamentos deixaram de existir, mas o casal insiste em ficar junto. Por quê? Medo de separar? Medo de tentar uma nova chance? Medo do medo?
A liberdade de sair de um relacionamento tóxico pode ser um caminho de saúde, de algo que não existia mais. Quando não existe mais admiração, respeito, uma sexualidade boa, planos de um futuro e até mesmo um silêncio tranquilo entre o casal; será que restou algo?
É preciso ter coragem para revermos o que nos prende a vínculos perversos, nos quais também temos a nossa parte de corresponsabilidade, pois uma relação nunca é vivida sozinha. E para que ela se mantenha, é preciso de um acordo tácito, mesmo que inconsciente.
Sabemos que não é fácil sairmos de relacionamentos que nos destroem e que são doentios, pois eles também mantêm uma parte que nos dá uma falsa segurança de pertencimento. Aliás, pertencer ao quê? A quem? A um casamento tóxico? A amizades doentias? A um trabalho perverso?
Talvez seja o momento de pensarmos como este texto pode ressoar dentro de cada um de nós e que ajustes podemos fazer. E perceber se ainda estamos presos a um passado que já não existe mais e que necessita ser ressignificado!!