A Polícia Federal (PF) indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por suposta participação em esquema criminoso para desviar presentes de alto valor recebidos em viagens oficiais ao exterior, enquanto ocupava o cargo de presidente da República.
Esses objetos, que incluem joias e outros itens de alto valor mercadológico, são considerados patrimônio do Estado brasileiro. De acordo com o relatório final do inquérito, divulgado nesta segunda-feira (08/07), a investigação aponta que Bolsonaro e ex-assessores teriam participado da venda desses presentes, resultando em um desvio de R$ 6,8 milhões.
A investigação, que culminou em um relatório de 476 páginas, foi liderada pelo delegado Fabio Alvarez Shor. Ele apontou que, através de complexas transações, os presentes recebidos em nome do Brasil eram vendidos no exterior. Os valores obtidos com as vendas eram posteriormente convertidos em dinheiro vivo, ingressando clandestinamente no patrimônio pessoal de Bolsonaro, sem passar pelo sistema bancário formal. Isto tinha o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores.
‘Os elementos acostados nos autos evidenciaram a atuação de uma associação criminosa voltada para a prática de desvio de presentes de alto valor recebidos em razão do cargo pelo ex-presidente da República JAIR BOLSONARO e/ou por comitivas do governo brasileiro, que estavam atuando em seu nome, em viagens internacionais, entregues por autoridades estrangeiras, para posteriormente serem vendidos no exterior’, destacou o delegado Shor no relatório final.
Além de Bolsonaro, foram indiciadas outras 11 pessoas, entre elas, o ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, o ex-ajudante de ordens e delator Mauro Cid, seu pai, o general da reserva Mauro Lourena Cid, e os advogados Fabio Wajngarten e Frederick Wassef, que representaram Bolsonaro.
É a primeira vez que a PF acusa diretamente o ex-presidente de ter recebido dinheiro em espécie desviado dos cofres públicos. O caso foi encaminhado para análise do procurador-geral da República, que terá até 15 dias para se manifestar sobre as acusações.