O Jinjiang Group, empresa contratada pela fabricante chinesa de veículos elétricos BYD, contestou nesta quinta-feira as acusações de submeter trabalhadores a “condições análogas à escravidão” em obra na Bahia. A empresa argumenta que há inconsistências nas alegações feitas por autoridades brasileiras e aponta problemas de tradução como fonte dos mal-entendidos.
A polêmica surgiu após auditores fiscais do Ministério do Trabalho identificarem 163 trabalhadores chineses em supostas condições irregulares no canteiro de obras da futura fábrica da BYD na Bahia. Em resposta, a BYD anunciou o rompimento com a empresa contratante e declarou estar colaborando com as autoridades.
* O Jinjiang Group publicou uma declaração em sua conta oficial no Weibo, afirmando que seus funcionários se sentiram insultados ao serem rotulados como “escravizados”, considerando a situação uma violação à dignidade do povo chinês
* A empresa apresentou um vídeo com trabalhadores chineses lendo uma carta conjunta, explicando que 107 deles entregaram voluntariamente seus passaportes para auxiliar na obtenção de documentos de identificação temporária no Brasil
* Li Yunfei, gerente geral de marca e relações públicas da BYD, compartilhou a declaração do Jinjiang e acusou “forças estrangeiras” e alguns veículos de mídia chineses de tentarem prejudicar as relações entre China e Brasil
O projeto da BYD na Bahia prevê uma capacidade inicial de produção de 150.000 veículos por ano, sendo parte da estratégia da empresa para o mercado brasileiro, seu maior mercado externo. A produção está programada para iniciar entre 2024 e início de 2025, antecipando-se ao aumento das tarifas sobre veículos elétricos importados previsto para julho de 2026.
O Ministério das Relações Exteriores da China, através de sua porta-voz Mao Ning, informou que a embaixada chinesa no Brasil está em comunicação com autoridades brasileiras para verificar e resolver a situação. Um trabalhador chinês não identificado declarou no vídeo divulgado: “Estamos muito felizes por vir a Camaçari para trabalhar” e ressaltou o compromisso com as leis e regulamentos locais.
A situação evidencia os desafios culturais e legais enfrentados em projetos internacionais de grande porte, especialmente no que tange às diferentes interpretações sobre práticas trabalhistas entre países.