A presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffman, manifestou-se de forma contundente contra a possibilidade do partido migrar para o centro do espectro político. Em entrevista ao jornal O Globo, ela alertou que tal movimento representaria um “suicídio” para a legenda, especialmente se aceitar as exigências do mercado financeiro para retirar direitos sociais.
Com a aproximação da escolha de um novo presidente do partido, prevista para meados de 2025, após sete anos de sua gestão, Gleisi reafirma o compromisso com as bases ideológicas do PT. O prefeito de Araraquara, Edinho Silva, surge como favorito para a sucessão, sendo conhecido por ter maior diálogo com o centro.
“O PT não serve para perpetuar as estruturas sociais, políticas e econômicas injustas e excludentes que marcam o país. É um partido de esquerda e assim deve continuar. Isso não impede que converse e faça alianças, como tem feito”, afirmou Gleisi ao O Globo.
A presidente do PT destacou as alianças já existentes com o centro, citando o apoio ao governo Lula no Congresso: “Diálogo político com o centro nós tivemos na campanha e ampliamos no governo. Já tentaram matar o PT e não conseguiram. Não podem pedir agora que o PT se suicide, rompendo com a base social que nos trouxe até aqui”.
Sobre as pressões do mercado financeiro, Gleisi foi enfática ao rejeitar propostas que comprometam direitos sociais: “Fazer um pacote de retirada de direitos como o mercado quer [levaria o PT a romper com a base social]. Ele está dizendo que as medidas são insuficientes. O que o mercado está pedindo é negar tudo aquilo que nós defendemos historicamente”.
Em relação às eleições de 2026, Gleisi defendeu a candidatura de Lula à reeleição, descartando comparações com Joe Biden: “Quem conhece o Lula sabe que não tem nenhuma semelhança com o Biden. O Lula está bem disposto, é uma pessoa ativa. Nem pode trazer aquela avaliação para cá”.
A presidente do PT também se posicionou sobre temas sensíveis como a necessidade de mudança no artigo 142 da Constituição e a punição aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. “É o momento de arquivar o projeto de anistia e de mexer no artigo 142. Nunca podemos esquecer o passado. Nós fomos muito lenientes com a ditadura militar”, declarou.