A inflação no Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deve ultrapassar o teto da meta de 4,5% em 2024, segundo previsões de economistas. Os principais fatores que contribuem para essa projeção são a adoção da bandeira tarifária vermelha nas contas de energia elétrica e os efeitos do clima seco sobre os preços dos alimentos.
Se confirmado, este seria o oitavo estouro da meta desde a adoção do regime em 1999, e o terceiro nos últimos quatro anos sob o comando de Roberto Campos Neto no Banco Central.
• Instituições financeiras como XP Investimentos e Santander Brasil revisaram suas estimativas para o IPCA de 2024 para cima, citando condições climáticas adversas como principal motivo.
• O Santander comentou em relatório: ‘O período seco está se aproximando do fim, com chuvas abaixo da média e temperaturas mais altas, que podem durar por mais algumas semanas ainda’.
• A bandeira tarifária da energia elétrica passou por aumentos sucessivos, indo de verde em agosto para vermelha 2 (nível mais crítico) em outubro, com perspectivas de permanecer pelo menos em vermelha 1 até o final do ano.
• João Fernandes, economista da Quantitas, projeta um IPCA de 4,7% para o final do ano, considerando um cenário com alta probabilidade de bandeira vermelha 2 em dezembro.
• Fernandes destaca que o maior risco para a inflação no curto prazo são os preços dos alimentos, especialmente a carne bovina, cuja cotação tem subido consistentemente.
• Laiz Carvalho, economista do BNP Paribas para o Brasil, prevê um IPCA de 4,4% em 2024, mas reconhece que há um viés de alta. Ela explica: ‘Já estamos considerando uma retomada dos preços de alimentos para os próximos meses, pelo efeito das secas recentes e pelo comportamento sazonal mais alto de alimentos no final do ano’.
• O Itaú Unibanco mantém uma previsão de inflação abaixo do teto da meta (4,4%), mas alerta para riscos majoritariamente altistas, especialmente devido à possibilidade de pressão adicional nos preços de energia e alimentos causada pela seca.
• Como fator de possível compensação, o Itaú menciona a potencial redução no preço da gasolina, devido à defasagem entre o preço doméstico e a cotação internacional do combustível.