O PIB brasileiro registrou crescimento de apenas 0,1% no terceiro trimestre de 2025, conforme dados divulgados pelo IBGE. O resultado ficou abaixo das projeções do mercado, que esperava alta de 0,2%, sinalizando uma desaceleração da economia nacional em um cenário de juros elevados a 15% ao ano.
A desaceleração econômica, contudo, não deve influenciar o Banco Central a reduzir a taxa Selic na próxima reunião do Copom. O cenário atual apresenta uma combinação de baixo desemprego e lenta queda da inflação, levando a autoridade monetária a manter uma postura mais conservadora.
O presidente do BC, Gabriel Galípolo, reforçou essa posição ao afirmar: “Se você não sabe muito bem o que está acontecendo ali, na dúvida, o papel do Banco Central é ser um pouco mais conservador”.
Pontos relevantes do cenário econômico atual:
* O consumo das famílias apresentou crescimento modesto de 0,1% no trimestre, marcando a 18ª variação positiva consecutiva na comparação anual, mas indicando sinais de esgotamento do seu potencial máximo.
* O comprometimento de renda das famílias atingiu 28,6% em setembro, o maior nível da história, segundo dados do BC, limitando o potencial de consumo futuro.
* O consumo governamental acelerou com crescimento de 1,3% no terceiro trimestre, indicando aumento nas despesas de municípios, estados e governo federal, o que pode pressionar a inflação.
A sustentabilidade do crescimento econômico brasileiro enfrenta desafios significativos. Apesar dos aumentos reais do salário mínimo terem contribuído para manter o consumo em alta nos últimos três anos, o baixo nível de renda da população resulta em preferência pelo consumo em detrimento da poupança.
O cenário atual demonstra que o crescimento econômico sustentado dependerá de investimentos robustos e melhorias na qualificação da mão de obra. No entanto, o país enfrenta dificuldades para atrair capital estrangeiro de longo prazo devido às incertezas fiscais, comprometendo esse ciclo virtuoso de desenvolvimento.
A combinação desses fatores indica que o início do ciclo de cortes na taxa de juros tende a ser postergado, possivelmente para 2026, mantendo o cenário de desafios para a economia brasileira.