Donald Trump elevou as tensões diplomáticas na América Latina ao anunciar que os Estados Unidos iniciarão “muito em breve” uma ofensiva terrestre na Venezuela. O presidente americano também ameaçou atacar qualquer país que envie drogas ao território estadunidense, provocando reações imediatas de líderes regionais.
Em resposta às ameaças, o presidente colombiano Gustavo Petro reagiu com firmeza: “Venha, senhor Trump, à Colômbia. Eu o convido a participar da destruição de nove laboratórios, diariamente, para que a cocaína não chegue aos Estados Unidos. Sem mísseis, meu governo destruiu 18.400 laboratórios. (…) Mas não ameace a nossa soberania, pois acordará o jaguar. Atacar nossa soberania é declarar guerra, não prejudique dois séculos de relações diplomáticas”.
A escalada das tensões inclui:
* Washington impôs sanções a venezuelanos supostamente ligados ao cartel Tren de Aragua, incluindo a cantora e DJ Jimena Romina Araya Navarro, conhecida como “Rosita”
* O governo Trump tem realizado ataques aéreos contra embarcações supostamente utilizadas pelo narcotráfico venezuelano
* Um pescador colombiano foi morto em um bombardeio americano em 15 de setembro, levando sua família a apresentar denúncia contra os EUA na Comissão Interamericana de Direitos Humanos
O historiador venezuelano Miguel Tinker Salas, do Pomona College, avalia que as ações militares dos EUA na região são possíveis. Segundo ele, “a ampliação da retórica belicista de Trump, com ameaças de ataques à Colômbia e ao México, revela que o verdadeiro objetivo é o de restabelecer a hegemonia norte-americana na América Latina”.
Emmanuel Guerisoli, especialista do Centro Transregional para Estudos Democráticos, alerta que qualquer ação militar americana na região seria ineficiente. Ele destaca que o narcotráfico global depende de uma extensa cadeia logística, e que “explodir laboratórios não deterá o fluxo de drogas para os EUA”.
O caso do pescador colombiano Alejandro Carranza, morto em bombardeio americano, levou o presidente Petro a classificar o incidente como “execução extrajudicial”. A família apresentou denúncia formal, apontando Pete Hegseth, secretário da Defesa dos Estados Unidos, como responsável pela ordem do bombardeio.
A crescente militarização da política externa americana na região e as ameaças de Trump representam uma significativa mudança nas relações hemisféricas, com potenciais consequências para a estabilidade regional e as relações diplomáticas estabelecidas ao longo de décadas.