A Polícia Federal está investigando um despacho do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), que pode indicar sua primeira conexão direta com uma investigação sobre a influência do Comando Vermelho (CV) no Palácio Guanabara. O caso envolve uma manobra política realizada em setembro deste ano, que resultou na publicação extraordinária do Diário Oficial do Estado.
O episódio central da investigação ocorreu no mesmo dia da prisão do ex-deputado TH Jóias, Thiego Raimundo dos Santos Silva, suspeito de lavagem de dinheiro, compra de armas e drones, além de manter relações suspeitas com líderes da facção criminosa.
* Castro assinou, em caráter de urgência, a exoneração do então secretário estadual de Esporte e Lazer, Rafael Picciani (MDB), filho do falecido político Jorge Picciani
* A movimentação foi realizada no mesmo dia da prisão de TH Jóias, que ocupava uma cadeira na Alerj como segundo suplente
* Com o retorno de Picciani à Alerj, TH Jóias perderia automaticamente seu mandato, evitando assim uma votação sobre sua prisão no parlamento estadual
Segundo fontes ligadas à investigação, a estratégia tinha dois possíveis objetivos: evitar uma votação potencialmente prejudicial sobre a prisão de TH Jóias e manter as relações com o Comando Vermelho, que possui forte influência territorial no estado.
Na decisão que determinou a prisão de Rodrigo Bacellar, atual presidente da Alerj, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, sugere que a manobra tinha como finalidade garantir votos para as eleições de 2026, mantendo vínculos com a facção criminosa que controla extensas áreas do Rio de Janeiro.
O ministro Moraes determinou que o governo do Rio forneça todas as informações sobre os acessos aos sistemas oficiais relacionados à exoneração de Picciani, incluindo horários, usuários responsáveis e logs de acesso. Também solicitou à Imprensa Oficial do Estado os dados referentes ao pedido de criação da edição extraordinária do Diário Oficial.
Castro, que aparece em diversas fotos com TH Jóias divulgadas na internet, chegou a se manifestar sobre o caso nas redes sociais, confirmando a determinação para que Rafael Picciani retomasse seu mandato na Assembleia Legislativa em substituição ao deputado preso.