A possível venda da Warner, seja para a Netflix ou para a Paramount, está gerando preocupações significativas no setor de shopping centers brasileiro. A principal apreensão está relacionada ao impacto que essa transação pode ter sobre o modelo de negócio das redes de cinema, que são importantes âncoras para atrair público aos centros comerciais.
A Netflix apresentou na sexta-feira, 5, uma proposta para adquirir a Warner, incluindo os estúdios de produção audiovisual, a HBO e o serviço HBO Max, excluindo os canais de TV pagos. Em contrapartida, a Paramount surpreendeu o mercado na segunda-feira, 8, com uma proposta não solicitada para comprar a Warner integralmente.
* A Associação das Empresas Operadoras de Multiplex (Abraplex) e a Federação das Empresas Cinematográficas (Feneec) manifestaram preocupação com a possível aquisição, alertando sobre a concentração de poder em poucas plataformas.
* As associações defendem uma regulamentação que estabeleça uma janela mínima de nove semanas entre a estreia nos cinemas e o lançamento no streaming, em comparação com os atuais 45 dias.
* Dados mostram que 60% do público brasileiro já prefere aguardar os filmes no streaming, evidenciando a pressão sobre o modelo tradicional de exibição.
* As visitas aos shoppings estão 22% abaixo dos níveis pré-pandemia de 2019, enquanto a bilheteria dos cinemas registra queda de 37% no mesmo período.
* Segundo Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da Gouvêa Malls, a venda da Warner para um serviço de streaming pode prejudicar o setor de shoppings ao reduzir ainda mais as exibições nos cinemas.
* Em contrapartida, Cláudio Sallum, sócio da Lumine, pondera que os cinemas representam cerca de 8% do movimento nos shoppings, e uma possível redução teria impacto limitado.
Os especialistas destacam que os shopping centers têm se adaptado às mudanças no comportamento do consumidor, diversificando suas atrações com mais opções de lojas, gastronomia, serviços e lazer. Alberto Serrentino, fundador da Varese Retail, ressalta que os shoppings são organismos vivos capazes de se adaptar às demandas do mercado.
A situação exemplifica-se com o caso do filme “Barbie”, lançado pela Warner em 2023, que gerou recordes de bilheteria e impactou positivamente as visitas e vendas em shoppings, conforme relatado pela Multiplan e Iguatemi.
O cenário atual demonstra uma transformação significativa no setor de entretenimento, com possíveis desdobramentos para o varejo físico brasileiro, especialmente os shopping centers, que precisarão continuar se reinventando para manter sua atratividade.