O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou nesta quarta-feira a fusão entre as redes de pet shop Petz e Cobasi. A aprovação está condicionada à assinatura de um Acordo em Controle de Concentração (ACC) que estabelece medidas de desinvestimento de ativos, principalmente em São Paulo, além de outros remédios comportamentais.
A decisão foi tomada durante a sessão do plenário, seguindo o voto do conselheiro-relator José Levi Mello do Amaral Jr., que recebeu apoio da maioria dos conselheiros. O relator argumentou que o acordo proposto pode resultar em uma situação concorrencial mais favorável que a atual, afirmando: “Pode não ser perfeito, mas aí eu sigo uma lógica que eu aprendi na academia: o ótimo é inimigo do bom. Nesse sentido, me parece bom o ACC”.
O processo de análise da fusão pelo Cade teve início em meados de 2024, com participação ativa da Petlove, terceira maior varejista do setor, como terceira interessada. Inicialmente, a Petlove defendia a reprovação da operação, mas nas últimas semanas demonstrou uma posição mais flexível.
A decisão do tribunal divergiu do parecer da Superintendência-Geral (SG), área técnica do Cade, que havia aprovado a operação sem restrições em junho. Um recurso apresentado posteriormente levou o processo ao tribunal administrativo, culminando em uma audiência pública em outubro com diversos representantes do setor.
O presidente do Cade, Gustavo Augusto Freitas de Lima, endossou o voto do relator, destacando a eficácia do acordo: “Me parece que, em termos de atratividade do pacote, acertamos. Temos não só remédios estruturais, mas um pacote comportamental duro”.
A única voz divergente foi da conselheira Camila Cabral, que apontou críticas metodológicas aos estudos técnicos realizados pelo Departamento de Estudos Econômicos (DEE) do Cade. Ela argumentou que, mesmo com os ajustes propostos pelos remédios, “sobraram muitos problemas” e houve superestimação da participação das empresas concorrentes.