O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um pronunciamento contundente durante a cúpula do Mercosul em Foz do Iguaçu (PR), alertando sobre os riscos de uma possível intervenção militar na Venezuela. Sem mencionar diretamente os Estados Unidos ou Donald Trump, o presidente brasileiro expressou preocupação com a presença militar de uma potência extrarregional no continente sul-americano.
“Passadas mais de quatro décadas desde a Guerra das Malvinas, o continente sul-americano volta a ser assombrado pela presença militar de uma potência extrarregional. Uma intervenção armada na Venezuela seria uma catástrofe humanitária para o hemisfério e um precedente perigoso para o mundo”, destacou Lula durante seu discurso.
O presidente brasileiro estabeleceu uma conexão entre as ameaças à democracia e o fortalecimento do crime organizado, enfatizando que “construir uma América do Sul próspera e pacífica é a única doutrina que nos convém”. Lula argumentou que as verdadeiras ameaças à soberania se manifestam através da guerra, forças antidemocráticas e crime organizado.
A tensão entre Estados Unidos e Venezuela aumentou desde agosto, quando Trump iniciou a mobilização de forças militares para a costa caribenha venezuelana, alegando combate às drogas e acusando o líder venezuelano Nicolás Maduro de liderar uma organização criminosa.
Em seu papel de mediador, Lula relatou conversas recentes com ambos os líderes: “Eu tive a oportunidade de conversar com o presidente Maduro, depois eu conversei com o presidente Trump sobre a questão da Venezuela. Disse para o Trump sobre a preocupação do Brasil com a Venezuela, porque isso aqui é uma zona de paz, não é uma zona de guerra. Disse para ele que as coisas não se resolveriam dando tiro, que era melhor sentar para encontrar uma solução”.
O presidente brasileiro reforçou seu compromisso com a busca de uma solução pacífica, declarando: “Temos todo o interesse de conversar com a Venezuela, conversar com os EUA, com outros países, para que a gente evite um confronto armado na América Latina e América do Sul”.