O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma crítica irônica à Enel durante seu discurso de abertura na cúpula do Mercosul, realizada em Foz do Iguaçu (PR), neste sábado (20). A manifestação ocorre em meio a uma série de problemas no fornecimento de energia em São Paulo e um incidente durante evento oficial no dia anterior.
Durante sua fala inicial, Lula aproveitou para alfinetar a empresa de energia: “Bem, os nossos discursos serão mais ou menos de 10 minutos. Se alguém falar 10 e meio não tem problema, se falar 9 e meio, não tem problema. Não haverá corte da palavra. O que não pode é faltar energia, ô Enel”, disse o presidente, provocando risos na plateia.
A crítica de Lula tem como contexto dois eventos recentes:
* Na sexta-feira (19), durante a inauguração da Ponte da Integração, que conecta Brasil e Paraguai em Foz do Iguaçu, houve uma falha no fornecimento de energia elétrica. O presidente, irritado com a situação, deixou o palco sem concluir seu discurso, e o evento precisou ser encerrado antecipadamente.
* Na semana anterior, São Paulo enfrentou um grave problema no fornecimento de energia após um vendaval com ventos de aproximadamente 100 km/h, que resultou em quedas de árvores e danos à rede elétrica. O incidente afetou mais de 2,2 milhões de imóveis atendidos pela Enel, principalmente na capital e região metropolitana, com destaque para a cidade de Juquitiba.
A situação crítica mobilizou diferentes esferas do poder público, incluindo os governos federal, estadual e municipal. O governador Tarcísio de Freitas, o prefeito Ricardo Nunes e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, manifestaram publicamente suas críticas à empresa.
Como resposta à crise, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) iniciou na última quarta-feira (17) um processo que pode resultar no cancelamento do contrato de concessão com a Enel em São Paulo. Em contrapartida, a empresa anunciou um plano de investimentos superior a R$ 10 bilhões para os próximos dois anos.
A série de falhas no fornecimento de energia tem gerado crescente insatisfação entre autoridades e população, levando a um debate sobre a qualidade dos serviços prestados pela concessionária na maior cidade do país.