O verdadeiro legado do ano não está no que vivemos, mas no que decidimos construir a partir disso
Encerramos mais um ano. E, como todo dezembro que se aproxima silencioso, trazendo junto o aroma de despedida e de recomeço, surge também a pergunta inevitável: o que fizemos com 2025? Não o que aconteceu conosco, mas o que construímos a partir do que nos aconteceu. Essa diferença é o ponto central da jornada que percorremos juntos ao longo das edições da coluna Metanoia.
Falamos das dores ocultas, aquelas que ninguém vê, mas moldam nossas escolhas. Quantas delas você reconheceu em si durante este ano? Quantas vezes percebeu que sua reação diante de um conflito, de uma conversa difícil ou de um desafio profissional não era sobre o “agora”, mas sobre marcas antigas que você insistia em carregar?
Também refletimos sobre o princípio atemporal de que a boca fala do que o coração está cheio. Em 2025, suas palavras transbordaram o quê? Paciência ou impaciência? Esperança ou frustração? Amor ou reclamação? Muitas vezes, a melhor forma de medir o rumo da vida é observar não o que planejamos, mas o que dizemos, e o impacto disso em quem caminha ao nosso lado.
Tivemos ainda a coragem de tocar em um tema que muitos evitam: mudar de direção. Encarar o medo e escolher o novo. Este foi um ano em que você permaneceu em lugares que não faziam mais sentido ou ousou abrir novas portas? A vida costuma premiar quem decide se mover, mesmo tremendo. E a pergunta que ecoa é: você se permitiu? Lembre-se: Uma hora a conta fecha.
Falamos sobre autorresponsabilidade, esse caminho silencioso, e tantas vezes incômodo, que separa a fantasia da realização. Se algo não saiu como esperado em 2025, você buscou culpados ou assumiu o comando? Reconheceu seus limites e também seu poder? Porque crescimento raramente nasce do conforto; nasce do encontro honesto com a própria verdade.
Outra reflexão necessária foi sobre a difícil habilidade de dizer não. Não para excessos. Não para relações que drenam. Não para expectativas alheias. Não para a versão de você mesmo que já não te representa. Foi um ano em que você soube se posicionar? Ou permitiu que o mundo decidisse por você?
Também discutimos a importância de cuidar do corpo, da alma e do espírito, entendendo que um profissional estressado, um pai ausente ou um parceiro exausto não é fruto de falta de amor, mas de falta de equilíbrio. Em que medida você se tratou com carinho este ano? Que espaço deu ao descanso, à introspecção e ao silêncio?
E, por fim, encaramos a pergunta provocadora: “O amanhã existe?” A resposta nunca foi sobre calendário, mas sobre consciência. Você viveu esperando que as coisas mudassem sozinhas? Ou assumiu o hoje com coragem, presença e propósito?
Agora, diante do último capítulo de 2025, deixo um convite, talvez o mais importante de todos:
Faça uma retrospectiva honesta. Não do mundo. Não da política. Não da economia. Mas de si.
O que você fez, de fato, para se tornar:
Um profissional melhor?
Um esposo ou esposa mais presente?
Um pai ou mãe mais consciente?
Um ser humano mais inteiro?
Porque, no fim, a verdadeira metanoia, a mudança profunda de mente e direção, não acontece em grandes rupturas, mas nos pequenos movimentos diários que ninguém vê.
Que você olhe para 2025 não como um ano perfeito, mas como um ano de plantio. Com erros que ensinaram, dores que despertaram, vitórias que fortaleceram e escolhas que apontaram um novo caminho.
E que 2026 não seja apenas mais um ano.
Seja a continuidade de uma decisão: Tornar-se alguém melhor do que você foi ontem.
Nos encontramos no próximo capítulo.