Justiça determina prisão preventiva de garçom acusado de agredir fatalmente Alice Martins, mulher trans que faleceu após espancamento em Belo Horizonte. O caso, que teve início por uma suposta dívida de R$ 22, foi caracterizado como transfobia pela Polícia Civil.
A decisão foi anunciada nesta sexta-feira (19) pela juíza Ana Carolina Rauen Lopes de Souza, do 1º Tribunal do Júri de Belo Horizonte, que rejeitou os argumentos da defesa sobre suposta fragilidade das provas. Um segundo funcionário, também acusado de envolvimento no crime, permanece em liberdade.
* O crime ocorreu em 23 de outubro, quando Alice Martins foi ao estabelecimento Rei do Pastel, na região da Savassi, e consumiu produtos alegando ter realizado o pagamento.
* A vítima foi perseguida por aproximadamente 200 metros, cercada e agredida continuamente pelos suspeitos, sem que houvesse tentativa de recuperar pertences ou cobrar o valor supostamente devido.
* As agressões resultaram em graves lesões, incluindo politraumatismo, fraturas de arcos costais e perfuração intestinal, levando a um quadro de sepse generalizada que culminou no falecimento da vítima em 9 de novembro.
A juíza destacou que, embora “a dinâmica exata dos acontecimentos ainda demanda maior esclarecimento”, a liberdade do garçom de 27 anos representa “risco efetivo à ordem pública”. Quanto ao segundo acusado, de 20 anos, a magistrada considerou que sua participação necessita de “mais aprofundamento”, não havendo evidências concretas de agressão física direta.
As investigações policiais revelaram que a suposta dívida seria de apenas R$ 2,20 em gorjetas para os garçons, valor considerado pela delegada Iara França como “totalmente insuficiente para justificar a violência”. A Polícia Civil concluiu que a motivação do ataque foi transfobia.
A corporação solicitou ao Ministério Público a investigação de possível negligência médica, uma vez que Alice buscou atendimento médico diversas vezes antes da internação final, sem ter a gravidade de seu estado reconhecida. Além disso, está sendo apurada a comunicação tardia do óbito às autoridades policiais.