O Ministério Público do Trabalho (MPT) apresentou denúncia contra o influenciador Hytalo Santos e seu marido Israel Vicente, conhecido como Euro, por tráfico de pessoas para exploração sexual e trabalho em condições análogas à escravidão. A denúncia, divulgada nesta sexta-feira (12), faz parte de uma investigação distinta da esfera criminal, onde o influenciador já responde por produção de conteúdo com exploração sexual de adolescentes.
De acordo com o MPT, existem evidências de que Hytalo Santos submetia menores de idade a práticas irregulares, especialmente ao levá-los para sua residência e impor condições de trabalho inadequadas.
* Os adolescentes eram submetidos a isolamento familiar e tinham seus meios de comunicação confiscados, além de sofrerem restrições no convívio social e na liberdade de locomoção
* As vítimas enfrentavam uma agenda exaustiva de gravações, incluindo privação de sono, sem remuneração e com ausência de autonomia financeira
* O MPT identificou casos de coação psicológica através de ameaças de “descarte” e interferências na identidade de gênero e orientação sexual dos menores
* Os jovens eram expostos de forma sexualizada nas redes sociais, participando de festas e frequentando locais impróprios para sua idade
O órgão ressaltou que o possível consentimento dos menores ou de seus pais é considerado “irrelevante”, uma vez que os adolescentes não têm condições de reconhecer a violência sofrida, e os responsáveis estavam sujeitos a benefícios oferecidos pelo influenciador.
* A Justiça do Trabalho da Paraíba determinou o bloqueio de veículos, empresas, bens e valores que podem chegar a R$ 20 milhões
* O MPT solicita indenização por dano moral coletivo no valor de R$ 12 milhões
* Para as vítimas individuais, são pedidas indenizações entre R$ 2 milhões e R$ 5 milhões, com depósito em poupança para menores até completarem 18 anos
O MPT também apontou a responsabilidade dos pais dos menores, que permitiram o afastamento familiar e aceitaram benefícios materiais. Embora não tenham sido incluídos nas responsabilidades patrimoniais, podem responder criminalmente por suas condutas.
A Justiça expediu ofícios para diversos órgãos de proteção a crianças e adolescentes, solicitando assistência psicológica, médica e social imediata às vítimas. Até o momento da publicação, a defesa dos influenciadores não havia se manifestado sobre as acusações.