O governo brasileiro demonstra preocupação com uma possível interferência dos Estados Unidos, sob a liderança de Donald Trump, nas eleições presidenciais brasileiras de 2026. A análise surge após padrões similares observados em pleitos recentes na Argentina e Honduras.
Apesar da aparente melhora nas relações bilaterais, marcada pela remoção de tarifas sobre produtos brasileiros e sanções da Lei Magnitsky, autoridades do governo Lula interpretam essas ações como um possível recuo tático de Trump após tentativas de interferência no caso do ex-presidente Jair Bolsonaro.
* Na Argentina, Trump condicionou um pacote de ajuda financeira de US$ 20 bilhões ao desempenho do partido de Milei nas eleições legislativas.
* Em Honduras, Trump apoiou abertamente o candidato ultradireitista Nasry “Tito” Asfura, acusando a candidata governista Rixi Moncada de comunismo e alegando conexões com Nicolás Maduro.
* O ex-presidente americano concedeu indulto ao ex-presidente hondurenho Juan Orlando Hernández, aliado de Asfura, que havia sido condenado por tráfico de drogas.
O governo brasileiro busca estabelecer “vacinas” contra possíveis interferências americanas, incluindo acordos de cooperação no combate ao crime transnacional. Esta medida também visa prevenir tentativas de intervenção americana solicitadas por grupos bolsonaristas sob o pretexto de combate ao crime organizado.
A situação na Venezuela também preocupa as autoridades brasileiras, que temem uma possível intervenção militar americana usando o combate ao narcotráfico como justificativa. O governo brasileiro considera prioritário impedir ações militares na região, preocupado com o estabelecimento de precedentes que poderiam afetar outros países latino-americanos.
No campo bilateral, Brasil e Estados Unidos continuam negociando a retirada das tarifas remanescentes sobre produtos brasileiros e a restituição de vistos revogados de ministros brasileiros e seus familiares. Uma reunião ministerial prevista para novembro foi adiada para janeiro.