O presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, manifestou preocupação com o possível aumento no custo de vida dos brasileiros caso seja aprovado o fim da escala 6×1. Segundo ele, a redução da jornada de trabalho só deve ser implementada quando houver condições adequadas de aumento da produtividade nos setores econômicos do país.
Durante um almoço com jornalistas em Brasília, Roscoe apresentou argumentos contra a mudança proposta na jornada de trabalho. “A jornada brasileira média é de 39 horas. Ou seja, ela não é 44 horas, já é menor. Mas fazer isso com base em uma lei é muito complexo. Quando você limita legalmente, alguns setores que não teriam condições de trabalhar menos, vão ser obrigados a trabalhar menos, e muitas vezes esses setores não se sustentarão ou terão que passar o aumento do preço”, explicou.
O executivo criticou a forma como o debate tem sido conduzido, classificando-o como populista. Ele alertou que, sem um correspondente aumento de produtividade, a medida pode resultar em elevação da inflação e diminuição da renda potencial do trabalhador brasileiro. “A redução da jornada só com uma medida populista eleitoral de curto prazo, ela vai trazer consequências de redução da renda potencial brasileira, redução da capacidade do Brasil de crescer. Para a população é perda de poder aquisitivo, mesmo que não haja redução do salário, porque os preços vão subir”, argumentou Roscoe.
A declaração do presidente da Fiemg vem em resposta à recente aprovação, pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ), de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que propõe a redução da jornada máxima de trabalho de 44 para 36 horas semanais. Esta alteração, na prática, eliminaria a possibilidade da escala 6×1, instituindo o modelo 5×2. A proposta aguarda análise pelo plenário do Senado, ainda sem data definida para votação.