O verdadeiro crescimento começa quando aceitamos deixar para trás o que já não nos pertence, abrindo espaço para transformação e novos sentidos
Às vezes, não queremos admitir que algumas coisas realmente chegaram ao fim.
Para muitos de nós, é difícil entender que, por vezes, é preciso encerrar um ciclo. Aquela sensação de que algo não funciona mais, que perdeu o sentido, mas que mesmo assim parece precisar continuar, é um sintoma de como somos seres que custam a acreditar que podem ir além do conhecido.
Ao escrever, vem-me à memória a cena dos pais deixando os filhos, pela primeira vez, na escola. A criança precisa ficar, e o adulto precisa ir — mesmo que seja para uma adaptação na sala ao lado. A criança precisa dessa separação para se desenvolver e abrir novos caminhos; os pais precisam dela para entender que seus filhos podem — e devem — encontrar novos apoios para crescer. Muitas vezes, são os pais quem mais sofrem: “Como meu filho vai ficar sem mim?”
Compreendemos, então, que esse movimento de permitir que o outro se desenvolva começa também com a nossa própria percepção: a de que temos condições para mudar de patamar em nosso ciclo evolutivo e emocional.
Tenho certeza de que nada disso é fácil — e, para que fosse possível, contei com a ajuda de dois grandes terapeutas, a quem agradeço e honro eternamente: Dra. Marisa Diniz e Dr. Luís Altenfelder. Posso dizer que foram meus anjos guardiões, muitas vezes difíceis e cirúrgicos em suas intervenções, mas sempre presentes. Com uma presença que me mostrava que o caminho do crescimento é repleto de movimentos e transformações — e, sobretudo, de riscos. Que, muitas vezes, temos que abandonar a estrada do conhecido para seguir em direção a um novo lugar.
É difícil tomar a decisão que se instala em nosso ser: a de que um lugar já não é mais nosso, ou melhor, deixou de fazer sentido. Pois, muitas vezes, “pertencer” parece nos validar e nos conferir uma importância grande.
E quando olhamos verdadeiramente para quem somos e para o que precisamos, talvez o mais importante seja dar uma pausa e aceitar: o Novo é um lugar que ainda está sendo criado.
O Novo é uma possibilidade de vida.
O Novo é um desejo e um desafio de entender que pausar pode ser o melhor.
Num mundo onde todos têm tantos projetos e metas, vamos nos permitir deixar florescer as flores da nossa criatividade e saúde mental. Este é o verdadeiro tempo de cada um.
Vamos tentar buscar aquilo que verdadeiramente nos completa e dá novo sentido e significado aos nossos dias.
Seguindo nossa jornada.