O escritório de advocacia da esposa do ministro Alexandre de Moraes, Viviane Barci de Moraes, mantinha um contrato milionário com o Banco Master que previa a defesa dos interesses da instituição e de Daniel Vorcaro junto a diversos órgãos federais, incluindo Banco Central, Receita Federal e Congresso Nacional.
O acordo, assinado em 16 de janeiro de 2024, estabelecia uma remuneração mensal de R$ 3,6 milhões por três anos, totalizando R$ 129 milhões até o início de 2027 – período que coincidiria com a futura presidência de Alexandre de Moraes no STF.
Pontos principais do contrato:
* O documento previa a organização e coordenação de cinco núcleos de atuação, abrangendo áreas estratégicas, consultivas e contenciosas junto ao Judiciário, Ministério Público e Polícia Federal
* O escopo incluía atuação perante órgãos do Executivo como Banco Central, Receita Federal, PGFN e Cade, além do acompanhamento de projetos no Legislativo
* Com a liquidação do Banco Master, os pagamentos foram interrompidos, mas caso tenham sido honrados até outubro de 2025, teriam gerado receita de R$ 79 milhões para o escritório Barci de Moraes
O contrato foi apreendido durante a operação Compliance Zero, que resultou na prisão de Daniel Vorcaro e outros seis executivos. A revelação dos detalhes contratuais gerou tensão entre os advogados envolvidos, não apenas por expor o ministro Moraes, mas também pela possibilidade de o documento ter chegado a outros executivos e ex-funcionários do banco.
Um dos casos em que o escritório atuou foi uma queixa-crime apresentada em abril de 2024 por Vorcaro e pelo Master contra o investidor Vladimir Timmerman, da Esh Capital. A ação, que contou com as assinaturas de Viviane Barci de Moraes e dos filhos do ministro, Alexandre e Giuliana, não obteve sucesso nas primeiras instâncias.
Consultados pela reportagem, o escritório Barci de Moraes, o Banco Master e o ministro Alexandre de Moraes, por meio da assessoria do STF, não se manifestaram sobre o caso. Órgãos federais como Banco Central, Receita Federal, PGFN e Cade também não responderam sobre eventuais petições do escritório em nome do Master.