O governo federal anunciou um ambicioso programa de concessões para 2026, totalizando R$ 288 bilhões em investimentos no setor de transportes. O pacote, que inclui 13 concessões rodoviárias e oito ferroviárias, está alinhado com o Plano Nacional de Logística 2050 (PNL 2050) e promete transformar significativamente a infraestrutura de transportes do país.
Os investimentos previstos contemplam R$ 150 bilhões para rodovias e R$ 140 bilhões para ferrovias, considerando Capex e Opex durante todo o período das concessões. Este movimento estratégico ocorre em um momento de restrição fiscal, permitindo que o governo receba outorgas e transfira à iniciativa privada a responsabilidade pela manutenção e modernização da infraestrutura.
* O histórico recente demonstra leilões competitivos com participação internacional, especialmente quando as concessões apresentam matriz de riscos bem definida e mecanismos claros de reequilíbrio
* A escala do programa favorece uma segmentação natural: grandes fundos e operadores globais focando em lotes maiores, enquanto operadores médios e consórcios regionais direcionam-se a trechos menores
* O cenário atual de juros elevados e experiências anteriores com reequilíbrios complexos deve resultar em uma competição mais disciplinada
* A modernização da malha viária promete redução nos custos logísticos, maior eficiência nos fretes e diminuição no tempo de viagem
* O programa deve enfrentar gargalos históricos com duplicações, faixas adicionais e contornos urbanos
* Permanece o desafio da integração entre modais e questões relacionadas ao licenciamento ambiental
O impacto para os usuários inclui rodovias melhor conservadas, atendimento mais eficiente e maior segurança viária, especialmente com a possível implementação de tecnologias como pedágio free flow e gestão ativa de tráfego. No entanto, o equilíbrio entre tarifas e nível de serviço permanece um ponto sensível, especialmente considerando que 2026 é um ano eleitoral.
O sucesso do programa dependerá fundamentalmente de contratos bem estruturados, com matriz de risco clara, mecanismos de reequilíbrio previsíveis e efetiva capacidade de fiscalização por parte da ANTT. A estabilidade regulatória e a previsibilidade das normas serão elementos cruciais para atrair investimentos e garantir a execução adequada dos projetos.