Atraso no acordo entre Mercosul e União Europeia pode ser benéfico para conclusão do tratado, segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O ministro destacou a necessidade de mais tempo para esclarecer aos agricultores europeus que não haverá prejuízos com a implementação do acordo.
A formalização do acordo, inicialmente prevista para 20 de dezembro durante a cúpula do Mercosul em Foz do Iguaçu, enfrentou resistência principalmente da França e Itália, devido à pressão de agricultores locais.
* Durante café com jornalistas, Haddad revelou ter enviado mensagem ao presidente francês Emmanuel Macron, enfatizando a importância geopolítica do acordo: “O que está em jogo é um acordo de natureza política, com um sinal claro para o mundo de que não podemos voltar a um ambiente de tensão entre dois blocos fechados”.
* O ministro reforçou que não há prejuízo econômico para agricultores franceses e italianos, citando as salvaguardas previstas no texto negociado: “Vale a pena insistir um pouco mais nessa minha percepção. Porque, primeiro, não há prejuízo. Não há prejuízo para os agricultores italianos e franceses. Não há”.
O presidente Lula relatou conversa com a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, que solicitou prazo de até um mês para convencer os agricultores italianos. “Ela pediu paciência de uma semana, dez dias, no máximo um mês”, afirmou o presidente.
A França, principal opositora ao acordo, articulou apoio de outros países para adiar a assinatura. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, confirmou o adiamento da formalização para janeiro.
O acordo Mercosul-União Europeia, em negociação há mais de duas décadas, visa criar uma das maiores áreas de livre comércio do mundo, englobando aproximadamente 722 milhões de consumidores e um PIB combinado de cerca de US$ 22 trilhões.