O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa Selic em 15% ao ano, o maior nível desde julho de 2006, gerando preocupação significativa no setor produtivo brasileiro. A decisão tem causado impactos negativos na economia nacional, especialmente no setor industrial.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) manifestou críticas à manutenção da taxa, destacando os prejuízos causados pela política monetária atual. Ricardo Alban, presidente da entidade, enfatiza que a continuidade dessa política contracionista prejudica o desenvolvimento do país.
Pontos críticos da situação atual:
* A pesquisa da CNI revela que 80% das empresas industriais apontam a taxa de juros elevada como principal obstáculo para acesso ao crédito de curto prazo
* Para financiamentos de longo prazo, 71% dos executivos identificam a Selic como entrave principal
* A taxa de juros média para empresas aumentou de 20,6% para 24,5% ao ano desde setembro de 2024
* Redução significativa de investimentos e projetos de expansão
* Pressão sobre pequenas indústrias com dificuldades de obtenção de novos financiamentos
* Aumento dos custos operacionais e redução das margens de lucro
* Limitação na geração de empregos
Carlos Eduardo Oliveira Jr., presidente do Sindicato dos Economistas no Estado de São Paulo, ressalta que as taxas elevadas tornam praticamente inviável a modernização e ampliação da produção industrial.
O cenário é ainda mais preocupante quando se observa que 27% dos empresários da Indústria da Transformação e 35,9% da Indústria da Construção consideram os juros elevados como principais obstáculos ao desenvolvimento.
Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI, alerta que essa situação afeta a competitividade da indústria nacional, tanto no mercado interno quanto nas exportações. A taxa de juros real atual está em aproximadamente 10,5% ao ano, considerando a inflação esperada de 4,06% para os próximos 12 meses.
A CNI defende que a taxa básica de juros de equilíbrio deveria estar em 11,9% ao ano. Um levantamento da entidade indica que 77% das empresas industriais ampliariam seus investimentos nos próximos dois anos caso houvesse uma redução mais expressiva da taxa.