A redução de tarifas anunciada por Donald Trump para produtos importados pelos Estados Unidos gerou reações diversas entre exportadores brasileiros. Embora alguns setores tenham sido beneficiados, a maioria dos produtos brasileiros continua enfrentando sobretaxas significativas.
A decisão, anunciada na sexta-feira (14), afetou apenas as tarifas recíprocas de 10% impostas globalmente, mantendo a taxa adicional de 40% específica para produtos brasileiros. Com isso, o cenário atual se apresenta da seguinte forma:
* Quatro produtos brasileiros ficaram totalmente isentos de tarifas: três tipos de suco de laranja e castanha-do-pará, aumentando o volume de exportações isentas de 23% para 26%.
* 76 produtos, incluindo carne bovina e café não torrado, tiveram redução de 50% para 40% nas tarifas totais.
O setor de cafés especiais foi particularmente afetado. Segundo Carmem Lucia, presidente da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA): “Nós ainda estamos taxados em 40% para os cafés brasileiros. Especificamente para os cafés especiais do Brasil. E isso abre oportunidades para que outros países produtores possam aproveitar essa lacuna, pois estamos atrasando as exportações dos cafés especiais.”
A executiva ainda ressaltou que houve redução de mais de 50% nas exportações de cafés especiais para o mercado americano, com volume atual inferior a 200 mil sacas, quando normalmente seriam exportadas mais de 400 mil sacas no mesmo período.
As negociações entre Brasil e Estados Unidos foram iniciadas após encontro entre o presidente Lula e Donald Trump na Malásia, no final de outubro. O ministro Mauro Vieira já se reuniu com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, mas ainda não há definições sobre prazos ou valores.
Frederico Lamego, da Confederação Nacional da Indústria, destacou: “cerca de 73% das exportações brasileiras continuam sendo sobretaxadas, claro que uma parte agora com 40%, como bem colocou, mas ainda um impacto muito grande e um cenário de incerteza para todo setor empresarial.”
O vice-presidente Geraldo Alckmin reconheceu a necessidade de continuar as negociações: “todo mundo teve 10% a menos, só que no caso do Brasil, que tinha 50%, ficou com 40%, que é muito alto. Aliás, no caso do Vietnã reduziu 20% porque era 20% e foi para zero.”