A Receita Federal, em conjunto com a Receita Estadual e as polícias Federal e Militar, realizou a maior apreensão de mercadorias irregulares da história de Minas Gerais. A operação, denominada Desbordo, descobriu um esquema de fraudes em importações em um prédio comercial de 19 andares no Centro de Belo Horizonte, com produtos avaliados em R$ 50 milhões.
O edifício, localizado na Rua Rio de Janeiro, no Hipercentro de BH, funcionava como um depósito vertical de produtos irregulares. As investigações revelaram um elaborado esquema de fraude em importações, onde empresas declaravam produtos sem marca ou de baixo valor, quando na realidade comercializavam itens falsificados de marcas conhecidas ou com valores muito superiores aos declarados.
* As empresas envolvidas utilizavam métodos para burlar os sistemas de controle de importação, declarando valores muito abaixo do real. Um exemplo citado pelos fiscais mostra que uma empresa declarava sombrinhas a US$ 0,20, quando o valor real era dez vezes maior.
* Os fraudadores também manipulavam as quantidades declaradas, informando importações de cem unidades quando na realidade transportavam mil produtos.
* O prédio, aparentemente abandonado e sem movimento comercial visível, servia como centro de distribuição para abastecer o comércio popular de Belo Horizonte.
O auditor da Receita Federal, Mário Dehon, destacou a complexidade da operação: “Esse trabalho dá para mostrar ou demonstrar que os vendedores ambulantes são uma pequena peça de uma grande engrenagem que envolve o crime organizado, grandes contrabandistas e esse volume de mercadorias. Temos que destacar: é um prédio de 19 andares, cada um com 200 metros quadrados, abarrotados de mercadorias descaminhadas ou contrabandeadas.”
Entre os itens apreendidos estão drones, ventiladores, eletrônicos e produtos de marcas licenciadas adulteradas, majoritariamente provenientes da China. A Receita Federal está utilizando seis depósitos oficiais para armazenar todo o material apreendido, com previsão de dez dias para o completo esvaziamento do prédio.
As mercadorias apreendidas terão quatro possíveis destinos: destruição (para produtos vencidos ou sem qualidade comprovada), incorporação ao patrimônio público, leilão com arrecadação destinada à União, ou doação a instituições sem fins lucrativos.