O presidente da CPI do INSS, senador Carlos Viana (Podemos-MG), determinou a prisão de Abraão Lincoln Ferreira da Cruz, presidente da Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA), por falso testemunho durante depoimento. A entidade, que movimentou R$ 410 milhões em um ano, é investigada pela Polícia Federal na Operação Sem Desconto.
A prisão foi solicitada pelo relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), após identificar quatro ocasiões em que o depoente faltou com a verdade ou omitiu informações cruciais para a investigação. É a terceira prisão realizada pela CPI.
* Abraão Lincoln manteve silêncio sobre conhecer Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS
* Declarou ter apenas relação “institucional” com Gabriel Negreiros, quando evidências apontavam vínculo mais próximo
* Omitiu informações sobre os amplos poderes de Adelino Rodrigues Junior para movimentar recursos da CBPA
* Mentiu sobre sua saída da Confederação Nacional de Pescadores e Aquicultores (CNPA), alegando renúncia quando na verdade foi por determinação judicial
A CBPA é considerada um dos principais eixos da estrutura criminosa investigada pela Operação Sem Desconto, com impacto financeiro estimado em R$ 221,8 milhões subtraídos de aposentados e pensionistas. A entidade movimentou R$ 410 milhões em uma conta bancária em Ceilândia, sendo R$ 205,5 milhões em entradas e R$ 204,4 milhões em saídas.
A confederação manteve negócios com empresas ligadas ao Careca do INSS e relações financeiras com políticos de diversos estados, além de forte atuação em Brasília, incluindo assento no Conselho Nacional de Aquicultura e Pesca (Conape).
Além de Abraão Lincoln, a CPI também determinou a prisão de Carlos Roberto Ferreira Lopes, presidente da Conafer, e Rubens Oliveira Costa, apontado como intermediário do Careca do INSS, ambos por falso testemunho.