A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um alarmante relatório revelando que aproximadamente uma em cada três mulheres no mundo já sofreu violência por parte de seu companheiro ou violência sexual de desconhecidos. O estudo, publicado às vésperas do Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres e as Meninas, destaca que cerca de 840 milhões de mulheres foram vítimas de violência ao longo da vida.
“A violência contra as mulheres é uma das injustiças mais antigas e generalizadas da humanidade, mas segue sendo uma das que menos se combate”, afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.
* No último ano, 316 milhões de mulheres (11% das maiores de 15 anos) sofreram violência física ou sexual do companheiro
* Cerca de 263 milhões de mulheres experimentaram violência sexual por pessoas que não eram seus companheiros a partir dos 15 anos
* Entre adolescentes, 12,5 milhões (16% das jovens entre 15 e 19 anos) foram vítimas de violência física e/ou sexual por parte dos companheiros
O progresso no combate à violência tem sido extremamente lento, com uma redução de apenas 0,2% ao ano nas últimas duas décadas na violência praticada por companheiros. LynnMarie Sardinha, do departamento de saúde da OMS, indica que o número de denúncias pode aumentar devido à maior conscientização.
O relatório revela uma grave deficiência no financiamento de iniciativas de prevenção:
* Apenas 0,2% da ajuda mundial ao desenvolvimento foi destinada a programas de prevenção da violência contra mulheres em 2022
* O financiamento diminuiu ainda mais devido à crise no setor de ajuda externa
A OMS destaca que mulheres em países mais pobres, áreas de conflito e regiões vulneráveis às mudanças climáticas são desproporcionalmente afetadas. Avni Amin, da OMS, ressalta que desastres naturais e conflitos podem aumentar a vulnerabilidade feminina devido ao deslocamento, insegurança econômica e interrupção de serviços públicos.
A Oceania apresenta os piores índices, excluindo Austrália e Nova Zelândia, enquanto Europa e América do Norte registram 5% de denúncias, e América Latina e Caribe, 7%.
“Nenhuma sociedade pode se considerar justa, segura ou saudável enquanto metade de sua população viver com medo”, concluiu Tedros.