A desigualdade salarial entre mulheres e homens no setor privado brasileiro atingiu 21,2%, segundo o mais recente Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O estudo, que analisou cerca de 54 mil empresas com 100 ou mais funcionários, revela um agravamento da disparidade salarial desde o início da série histórica.
O levantamento examinou mais de 19,4 milhões de vínculos empregatícios, demonstrando que as mulheres representam 41,1% da força de trabalho, enquanto os homens correspondem a 58,9%. A remuneração média feminina é de R$ 3.908,76, contrastando com R$ 4.958,43 dos homens.
* A disparidade salarial apresentou crescimento constante: iniciou em 19,4% no primeiro relatório de março do ano anterior
* Aumentou para 20,7% no segundo relatório em setembro
* Alcançou 20,9% no terceiro relatório em abril deste ano
* Atualmente está em 21,2%
* Mulheres negras enfrentam a maior disparidade, recebendo 33,5% menos que homens não negros nos salários de admissão
* A diferença no rendimento médio chega a 53,3%, com mulheres negras recebendo R$ 2.986,50 e homens não negros R$ 6.391,94
* Houve um aumento de 21,1% no número de empresas com pelo menos 10% de mulheres negras desde 2023
A ministra das Mulheres, Márcia Lopes, destacou: “A inserção das mulheres no mercado não basta. É inaceitável que mulheres negras recebam metade do rendimento de homens não negros. Temos como compromisso intensificar medidas que resolvem essas distorções, promovam políticas de apoio, como a ampliação da licença-paternidade e o auxílio-creche”.
* 78,7% das empresas citam tempo de experiência
* 64,9% mencionam cumprimento de metas
* 56,4% apontam existência de plano de cargos e salários
* Apenas 38,9% possuem políticas de promoção de mulheres
* Somente 21,9% oferecem auxílio-creche
O MTE realizou 787 ações fiscalizatórias em 2025, alcançando aproximadamente um milhão de empregados. Das empresas obrigadas, 71% já fizeram o download do relatório de igualdade salarial, demonstrando algum progresso na transparência das informações.
Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Brasil poderia aumentar sua economia em R$ 382 bilhões com políticas de igualdade de gênero, valor que poderia dobrar com a plena equidade entre homens e mulheres.