Os indígenas Munduruku, organizados pelo Movimento Ipereg Ayu, realizaram um protesto significativo na manhã desta sexta-feira (14), bloqueando o acesso principal à Blue Zone da COP 30, em Belém. A manifestação tem como principal objetivo exigir uma reunião urgente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a revogação do Decreto nº 12.600/2025.
O protesto concentra-se principalmente na oposição ao Plano Nacional de Hidrovias, estabelecido pelo decreto em questão, que define os rios Tapajós, Madeira e Tocantins como eixos prioritários para navegação de cargas. Os Munduruku alertam sobre as graves consequências desta decisão.
Pontos principais da manifestação:
* O bloqueio provocou o reforço da segurança no local, especialmente pelas Forças Armadas, obrigando participantes e delegados a utilizarem uma entrada alternativa do evento
* Os manifestantes denunciam que o decreto pode resultar em novas dragagens e no derrocamento de pedrais sagrados, além de acelerar a expansão de portos privados na região
* O movimento também se opõe aos projetos de crédito de carbono e mecanismos de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+) em discussão na COP 30
* Os Munduruku argumentam que estas iniciativas representam uma “venda da floresta” e não abordam problemas fundamentais como desmatamento industrial, garimpo ilegal e expansão da monocultura de soja
Em nota oficial, o Movimento Munduruku Ipereg Ayu destacou que os projetos federais de infraestrutura têm avançado sem a realização de consulta prévia, livre e informada, conforme estabelece a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Representantes da Defensoria Pública estão presentes no local para mediar negociações com os indígenas, enquanto o protesto continua nas imediações do centro de convenções. A manifestação evidencia a crescente tensão entre as políticas de desenvolvimento e a preservação dos territórios indígenas na região amazônica.