A HBO estreia nesta quinta-feira (13) a minissérie “Ângela Diniz: Assassinada e Condenada”, que reconstrói um dos casos mais emblemáticos da história judicial brasileira. A produção retrata o assassinato da socialite mineira por Raul Fernando do Amaral Street, conhecido como Doca Street, em 1976, crime que se tornou um marco na luta contra a violência de gênero no país.
Ângela Diniz, conhecida como “Pantera de Minas”, era uma figura proeminente da elite carioca dos anos 1970. Natural de Curvelo (MG) e mãe de três filhos, ela representava a independência feminina numa época de forte conservadorismo social.
* Em 30 de dezembro de 1976, durante uma discussão na casa de veraneio do casal na Praia dos Ossos, em Armação dos Búzios (RJ), Doca Street disparou quatro tiros contra Ângela – três no rosto e um na nuca, causando sua morte instantânea.
* O primeiro julgamento, em 1979, evidenciou o machismo estrutural da época quando a defesa utilizou a tese da “legítima defesa da honra”. Doca recebeu uma pena branda e direito à liberdade provisória.
* A sentença provocou intensa mobilização dos movimentos feministas, que adotaram o slogan “Quem ama não mata”.
* Em 1981, um novo julgamento resultou na condenação de Doca Street a 15 anos de prisão, embora tenha cumprido apenas parte da pena em liberdade condicional.
A série, dirigida por Andrucha Waddington e produzida pela Conspiração Filmes, é inspirada no podcast “Praia dos Ossos” da Rádio Novelo. Com seis episódios, a produção conta com Marjorie Estiano no papel de Ângela Diniz e Emílio Dantas como Doca Street, além de um elenco que inclui Antônio Fagundes, Thiago Lacerda, Camila Márdila e outros nomes expressivos.
O impacto do caso Ângela Diniz na sociedade brasileira foi tão significativo que a tese de “defesa da honra” só foi definitivamente considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em 2021, demonstrando como o crime influenciou mudanças na percepção social e judicial sobre violência contra a mulher no Brasil.