A coluna de hoje é uma homenagem ao eterno maquinista do Clube da Esquina e torcedor fanático do Cabuloso
Lô, o Trem Azul está de volta à América!
Depois desta rodada do Brasileirão, a passagem está carimbada: o Cruzeiro garantiu sua vaga na Libertadores de 2026. Falta ainda confirmar a fase de grupos, mas, sinceramente, isso é questão de tempo. E você, Lô, tinha que estar aqui para ver.
O Cruzeiro venceu o Grêmio na Arena, com suor, emoção e aquele velho drama que o torcedor já aprendeu a amar. Cássio, o nosso paredão, foi o nome do jogo. Pegou tudo, fez defesas que só goleiro de Libertadores sabe fazer. É verdade: quando o goleiro é o melhor em campo, normalmente o time sofreu. Mas no futebol, como na vida, o importante é o desfecho, e o final foi feliz. Três pontos na bagagem e o Cruzeiro de volta ao continente onde sempre pertenceu.
A vitória teve sabor de poesia. O clube, aliás, sentiu isso. Nas redes, publicou fotos e vídeos com trechos das suas canções, como se dissesse ao mundo que o Trem Azul voltou a percorrer trilhos de glória. E é inevitável não lembrar de você, Lô.
O nosso maquinista do Clube da Esquina. O cruzeirense da alma leve e do coração celeste.
Você, que foi o Tostão do Clube, o pavio do fogaréu, o cara que transformou o som mineiro em sentimento universal. Cercado de craques: Milton, Beto, Toninho, Tiso, Brant, você foi o cérebro daquela constelação que fez Minas cantar. O seu talento é o mesmo que move o Cruzeiro: sensibilidade e grandeza, alma e obstinação.
E olha que simbólico, Lô: nesta vitória contra o Grêmio, o Leonardo Jardim completou 50 jogos à frente do Cruzeiro. Quem sabe isso quer dizer amor? É o que dizia a sua canção: “Estrada de fazer o sonho acontecer.” E o sonho está mesmo acontecendo. Jardim pegou uma locomotiva enferrujada e colocou o Trem Azul de volta no trilho.
A sua paixão pelo Cruzeiro nasceu com aquele timaço de 1966: Raul, Piazza, Dirceu Lopes, Tostão, Natal, Evaldo e Hilton Oliveira. Um esquadrão que fez história, que colocou Minas no mapa, que fez 5 a 0 no Santos de Pelé, com o próprio Rei em campo. O mesmo Santos que aprendeu ali que o Cruzeiro era, sim, um gigante.
O seu Cruzeiro, Lô. O nosso Cruzeiro. O time que você cantou sem precisar citar o nome. Porque nas entrelinhas das suas canções, o azul sempre esteve lá. Em O Trem Azul, em Um Girassol da Cor do Seu Cabelo, em Paisagem da Janela.
Hoje, a gente também olha pela janela e vê o horizonte de volta. Vê o Cruzeiro grande, competitivo, digno da sua história. E quando a torcida canta, parece ecoar uma das suas frases mais lindas: “Somos da América do Sul. Eu sei, vocês vão saber. Somos do ouro, somos vocês. Somos do mundo, somos Minas Gerais.”
Lô, o Cruzeiro está de volta. O Trem Azul vai novamente cruzar o continente. E cada gol, cada defesa, cada trilho percorrido vai carregar um pouco da sua melodia, porque o seu som virou parte do que somos.
E se hoje o Cruzeiro sonha de novo, é porque, como você nos ensinou, sonhos não envelhecem.