O Banco Central anunciou uma profunda reestruturação do projeto Drex (Digital Real X), originalmente concebido para simplificar operações financeiras através da tokenização. A iniciativa, que teve início em 2020, enfrentará mudanças significativas devido a questões de privacidade não resolvidas na tecnologia blockchain.
A trajetória do projeto passou por diversas fases desde sua concepção:
* Em 2020, o BC formou um grupo de trabalho para estudar a criação da moeda digital, estabelecendo diretrizes que incluíam pagamentos no varejo e operações online e offline.
* Durante 2023, o projeto avançou com a seleção de 16 participantes entre consórcios e instituições financeiras, além da mudança de nome de Real Digital para Drex. Neste período, foi realizada a primeira transferência experimental entre bancos.
* Em 2024, o BC iniciou a segunda fase de testes, mas o lançamento público previsto não se concretizou.
O BC comunicou que parte da infraestrutura baseada em DLT (Distributed Ledger Technology) será desativada na próxima segunda-feira. A decisão de remover as funcionalidades de pagamento está relacionada a problemas não resolvidos de privacidade na tecnologia blockchain, especialmente questões envolvendo sigilo bancário.
Fabio Araujo, coordenador do projeto, declarou à Folha de S.Paulo que “ainda não apresentam nível de maturidade compatível com o que é requerido pelos serviços operados no sistema financeiro nacional”. Ele também alertou sobre o uso inadequado do termo “moeda digital” para se referir ao Drex.
O Banco Central planeja definir, no primeiro semestre de 2026, qual tecnologia substituirá a atual base do programa piloto. O foco imediato será desenvolver um serviço que assegure registros confiáveis sobre o uso de ativos como garantia de crédito.
Internamente, o BC não considera essas alterações como um fracasso, mas sim como uma oportunidade de avaliar novos modelos de negócio e outras aplicações para a tecnologia já desenvolvida, enquanto reorganiza os próximos passos do projeto para 2026.