A maturidade como um convite para reinventar a vida a dois, quando os papéis de pais e a rotina se transformam
O envelhecimento é um processo que ocorre ao longo da nossa vida. Embora estejamos vivendo cada vez mais, e essa realidade seja algo muito importante, para a maioria das pessoas é necessário que vários processos de mudança e transformação aconteçam para que ocorra uma modificação simultânea: biológica, psíquica, emocional e, por que não, espiritual.
Nosso corpo, que a vida toda passa por inúmeros processos de mudança, vê as grandes transformações se intensificarem a partir dos 45 ou 50 anos – com a menopausa, transformações hormonais, andropausa e outras alterações físicas.
Ao mesmo tempo, muitas pessoas aos 50 ou 60 anos estão em momentos cruciais de suas carreiras, veem os filhos saírem de casa e os pais falecerem, entre outras transições. Essas mudanças acabam por gerar muitas ansiedades e angústias, pois trazem à tona a questão da temporalidade e de como nos preparar para os momentos futuros.
Como nos ajustar e nos reencontrar nessa família, ou com o nosso equilíbrio emocional? E, se existe um casal, como fica a conjugalidade? Como é a relação com nosso companheiro quando passamos a ter um outro tempo – sem filhos, sem pais?
Onde moram este homem e esta mulher? Será que ainda se reconhecem como tal? Ou ficaram presos no papel de pai e mãe?
Muitas vezes, é assustador perceber o quanto de solidão e falta de intimidade existe em alguns casais. Será que ainda podemos chamá-los de casais, ou seriam apenas moradores de uma mesma casa, dividindo um espaço?
Muitas vezes, a falta de uma sexualidade, assim como de uma intimidade, vai dando lugar a um vazio enorme, no qual sobram apenas formalidades e um foco em comportamentos e compromissos sociais.
Onde ficaram as risadas, os sonhos, os loucos devaneios que são a mola propulsora de uma integração e cumplicidade? As raivas e os longos silêncios, outrora preenchidos pelos filhos, cachorros e viagens, agora dão lugar a uma estranheza.
Cada um se vê como um estranho neste lugar chamado casa; outrora um lar, agora um espaço invadido por corpos que vivem vidas paralelas e, talvez, outros sonhos.
Será que a maturidade também não pode ser um tempo para outras mudanças? Quem sabe, um momento de escrevermos novos capítulos de nossa (hi)stória?
Ainda é possível.
Ainda existe tempo.