Cristina Kirchner, ex-presidente da Argentina, inicia nesta quinta-feira (6) um novo capítulo em sua trajetória judicial ao enfrentar um megajulgamento por supostos esquemas de corrupção na adjudicação de obras públicas. O caso, considerado pelo Ministério Público como o maior escândalo de corrupção na história do país, ocorre em um momento delicado para a líder peronista, que já cumpre prisão domiciliar por outra condenação.
O processo, conhecido como “caso dos cadernos”, envolve 87 réus, incluindo ex-funcionários governamentais e empresários. A promotora Estela León afirmou em outubro que “é a investigação de fatos de corrupção mais extensa que já foi realizada na história judicial argentina”.
* Kirchner, aos 72 anos, encontra-se em prisão domiciliar desde junho, quando foi confirmada sua condenação a seis anos de prisão por administração fraudulenta em obras públicas em Santa Cruz
* A ex-mandatária cumpre a pena com tornozeleira eletrônica em seu apartamento em Buenos Aires, de onde mantém atividade política
* Se condenada neste novo processo, poderá enfrentar penas adicionais de seis a dez anos de prisão
* O julgamento baseia-se em anotações feitas por um motorista do Ministério do Planejamento, que registrava em cadernos trajetos, nomes e supostas quantias de dinheiro transportadas
* A defesa contesta a legitimidade das anotações, alegando mais de 1.500 modificações em nomes, datas e endereços
* O advogado Gregorio Dalbón classificou o processo como “a maior vergonha judicial que a democracia já teve”
O caso se desenvolve em meio a uma significativa crise de liderança no peronismo, movimento político que Kirchner lidera há mais de uma década. A derrota nas eleições para Javier Milei evidenciou o desgaste do kirchnerismo, gerando tensões internas no partido.
O julgamento será conduzido principalmente por videoconferência, com audiências semanais, e tem previsão de durar aproximadamente dois anos. Além de Cristina Kirchner, serão julgados 19 ex-funcionários, dois motoristas e 65 empresários.
A ex-presidente mantém sua posição de que os processos contra ela são resultado de perseguição político-judicial, especialmente por parte da direita e do ex-presidente Mauricio Macri. Enquanto isso, o peronismo enfrenta o desafio de reorganizar sua liderança visando as eleições presidenciais de 2027.