O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) recebeu manifestações majoritariamente contrárias à fusão entre Petz e Cobasi, após consultar cerca de 200 concorrentes e fornecedores do setor. As respostas indicam preocupações significativas quanto ao desequilíbrio nas condições de mercado que a operação pode gerar.
Em outubro, o Cade enviou questionários a 218 agentes do setor de petshops, incluindo fabricantes, distribuidores e competidores diretos. As respostas revelaram um cenário preocupante de assimetria nas relações comerciais, com diversos pontos críticos:
* Os respondentes apontaram que as grandes redes já obtêm benefícios diferenciados, como descontos progressivos, prazos estendidos e frete subsidiado, situação que pode se agravar com a fusão
* Pequenos varejistas relataram dificuldades em competir por não terem acesso aos mesmos benefícios, operando com margens reduzidas que comprometem sua viabilidade
* Fornecedores mencionaram pressões por contrapartidas comerciais, incluindo exigências de reversão de parte do valor das compras anuais em ações promocionais nas lojas
* Cinco fabricantes confirmaram a existência de contratos de exclusividade relacionados à produção de marcas próprias das empresas que pretendem se fundir
A investigação revelou que, mesmo sem contratos formais de exclusividade, existem práticas que favorecem as grandes redes. Os fornecedores frequentemente aplicam descontos baseados em volume e porte do cliente, beneficiando empresas com estrutura nacional. Muitos exigem pedidos mínimos entre R$ 1 mil e R$ 10 mil, criando barreiras para o varejo de menor porte.
No ambiente digital, concorrentes relataram dificuldades com promoções consideradas inviáveis e parcerias exclusivas em marketplaces e aplicativos de entrega, que aumentam a visibilidade das empresas líderes. Um dos participantes chegou a classificar o ambiente online como “desequilibrado e desleal”.