O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Guilherme Boulos (PSOL), manifestou-se contrário à privatização da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) em entrevista exclusiva. O ministro enfatizou que o governo federal não exigiu a venda da empresa no Programa de Pleno Pagamento da Dívida dos Estados (Propag). As informações são da Itatiaia.
Em um momento crucial para o futuro da Copasa, com votação decisiva na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) sobre a PEC do Referendo, Boulos fez críticas diretas à administração estadual.
“Eu vi gente do governador Zema justificando a privatização como se fosse uma exigência do Propag, do governo federal. Isso não é verdade. O acordo de renegociação da dívida, costurado pelo presidente Lula e pelo senador Rodrigo Pacheco, este acordo prevê alguns casos que isso fosse até o fim de 2026. Em nenhum momento se colocou a exigência de privatização”, declarou Boulos.
O ministro utilizou o exemplo da Sabesp, em São Paulo, para argumentar contra a privatização. “Eu sou de São Paulo, veja o que aconteceu lá. Privatizaram a maior companhia de água e esgoto da América Latina, que é a Sabesp. Sabe o que aconteceu meses depois da privatização? Piorou a qualidade do serviço e aumentaram as contas”, afirmou.
Em contraposição às declarações do ministro, a Sabesp, por meio de sua diretora-executiva de Relações Institucionais e Sustentabilidade, Samanta Souza, contestou as afirmações sobre aumento de tarifas. “Não aumentou, a tarifa reduziu 0,6%. No momento da desestatização, 1% para o residencial, 0,5% para o comércio e indústria e 10% para baixa renda”, esclareceu.
A votação da PEC do Referendo, que eliminaria a necessidade de consulta popular para a venda da estatal, já foi aprovada em primeiro turno e aguarda decisão em segundo turno na ALMG.