O acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas enfrenta seus primeiros obstáculos menos de 24 horas após sua assinatura pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em Sharm el-Sheikh. O governo israelense decidiu bloquear a passagem de Rafah e restringir a ajuda humanitária a Gaza devido à demora na devolução dos corpos de reféns israelenses mortos em cativeiro.
A situação se agravou quando Israel anunciou que manterá o bloqueio até receber todos os 28 cadáveres prometidos pelo Hamas. Até o momento, apenas oito corpos foram devolvidos – quatro na segunda-feira e outros quatro na madrugada de terça-feira.
Pontos principais do impasse:
* O Hamas entregou apenas 8 dos 28 corpos de reféns israelenses prometidos, levando Israel a bloquear a passagem de Rafah
* Israel, por sua vez, entregou 45 corpos de palestinos mortos em prisões israelenses, seguindo a proporção acordada de 15 corpos palestinos para cada refém israelense
* Donald Trump aumentou a pressão sobre o Hamas com ameaças diretas: “Se eles não se desarmarem, nós os desarmaremos. E isso acontecerá rapidamente e, talvez, violentamente”
Com a retirada das Forças de Defesa de Israel para além da linha amarela, o Hamas iniciou operações de controle territorial em Gaza. Jornalistas relataram a presença de forças de segurança do grupo em mercados e estradas, enquanto confrontos foram registrados no bairro de Shujaiya.
A Autoridade Palestina condenou execuções públicas realizadas pelo Hamas contra supostos colaboradores de Israel, classificando-os como “crimes hediondos” e “injustificáveis”.
Especialistas consultados apontam fragilidades no plano de Trump. Yezid Sayigh, do Carnegie Middle East Center, destaca que “é inevitável que Israel explorará toda oportunidade para atrasar e complicar as coisas”. O professor Habib C. Malik considera urgente debater o completo desarmamento do Hamas e o início da reconstrução em Gaza.