A Polícia Federal desarticulou um esquema sofisticado de fraude no Exame Nacional da Avaliação da Formação Médica (Enamed) em Juiz de Fora, resultando na prisão de oito pessoas durante a Operação R1. O grupo, que incluía médicos e “laranjas”, utilizava dispositivos eletrônicos e documentos falsificados para fraudar o exame, cobrando até R$ 140 mil por aprovação.
O esquema operava de forma estruturada, com duas principais linhas de atuação:
* Os fraudadores utilizavam equipamentos eletrônicos como minicelulares e smartwatches para receber as respostas durante a prova. A comunicação acontecia principalmente durante idas ao banheiro, onde os participantes acessavam as mensagens e depois transcreviam as respostas.
* Três pessoas se inscreveram com documentos falsos para copiar as questões. Após aproximadamente uma hora de exame, dirigiam-se a um hotel onde, com auxílio de um médico ainda não localizado, resolviam as questões e transmitiam as respostas aos candidatos que permaneciam no local da prova.
* Em dois casos específicos, foram identificados “laranjas” que realizavam a prova no lugar dos verdadeiros candidatos, utilizando documentação falsificada e equipamentos de transmissão.
A ação policial resultou na prisão de cinco pessoas no local do exame (quatro homens e uma mulher) e três em flagrante em um hotel da cidade. Um médico local, apontado como colaborador na resolução das questões, foi identificado mas não localizado. Foi cumprido também um mandado de busca e apreensão no Rio de Janeiro.
O Inep informou em nota que trabalha em parceria com a PF e autoridades competentes no combate a fraudes, destacando que “desde o início da Operação R1, todas as medidas necessárias foram tomadas para a proteção dos processos e a integridade da aplicação do Enamed, que transcorreu com sucesso em todo o país e foi aplicado para 92% dos mais de 96 mil inscritos”.
Os investigados podem enfrentar penas de até 10 anos de reclusão, além de multa, por crimes de fraude em certames de interesse público, associação criminosa e falsidade ideológica. A Polícia Federal continua as investigações para identificar possíveis novos envolvidos através da análise dos materiais apreendidos e depoimentos.