O paciente Geraldo Vaz Junior, 58 anos, recebeu um transplante de fígado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Diagnosticado inicialmente com hepatite C em 2010, que evoluiu para cirrose hepática, ele desenvolveu câncer no fígado transplantado, com exames posteriores confirmando que o tumor se originou no órgão doado. As informações são do G1.
Maria Helena Vaz, esposa de Geraldo, relatou que a cirurgia inicial foi bem-sucedida, mas após sete meses, exames detectaram nódulos no fígado transplantado. Uma biópsia identificou um adenocarcinoma, e um teste genético de DNA confirmou que as células cancerígenas pertenciam ao doador do órgão. “Foi devastador. Meu marido recebeu um órgão com câncer. Esperamos por anos para viver um sonho, mas ele saiu de lá mais doente”, lamenta Maria Helena.
* Após a descoberta do câncer, Geraldo passou por um novo transplante de fígado
* O câncer já estava em estágio avançado e apresentou metástase no pulmão
* Atualmente, o paciente recebe cuidados paliativos, sem possibilidade de cura
* A família foi informada que outros receptores de órgãos do mesmo doador estão sendo monitorados
* Geraldo buscou esclarecimentos junto ao Ministério da Saúde e Ministério Público, sem retorno
* O Hospital Albert Einstein informou que está analisando o caso
* O Manual de Transplantes do Ministério da Saúde estabelece que pacientes com câncer não podem ser doadores
* Todos os potenciais doadores passam por triagem clínica, laboratorial e de imagem
Maria Helena ressalta que não foram informados sobre os riscos de desenvolver neoplasias após o transplante. “A gente fez muitas perguntas, e as primeiras respostas foram de que não tinha como saber que o doador tinha câncer antes da doação. Quando chegamos ao diretor-geral do hospital, meu marido questionou como isso não era sabido. E ele nos disse que, como o risco é muito baixo, o hospital acaba por nem citar isso aos pacientes”, relata.
A esposa destaca ainda que Geraldo não estava em estado terminal quando foi chamado para o transplante. Ele realizava acompanhamento regular e, embora utilizasse medicação cara, encontrava-se estável. Segundo especialistas consultados, casos como este são considerados raros, embora possíveis, e existem protocolos específicos para evitar tais situações.