A Bolívia se prepara para uma mudança histórica em sua trajetória política com o primeiro segundo turno presidencial de sua história. O pleito marca o fim de duas décadas de domínio do Movimento ao Socialismo (MAS), com a disputa entre o centrista Rodrigo Paz e o conservador Jorge Tuto Quiroga.
Em meio a uma grave crise econômica, com inflação anual superior a 23% e escassez de reservas internacionais, os bolivianos optaram por uma mudança de rumo, rejeitando a continuidade da esquerda no primeiro turno.
* Rodrigo Paz, 58 anos, representa o Partido Democrata Cristão (PDC). Filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora, possui formação em Relações Internacionais e mestrado em Gestão Pública pela American University. Sua trajetória política inclui cargos como deputado, prefeito e atual senador por Tarija.
* Jorge Tuto Quiroga, 65 anos, da aliança Liberdade e Democracia (Libre), busca retornar à presidência após ter governado brevemente entre 2001 e 2002. Formado em Engenharia Industrial nos Estados Unidos, possui experiência tanto no setor privado quanto público.
* Paz defende um “capitalismo para todos” com um plano de ajuste fiscal moderado, prometendo manter benefícios sociais essenciais. Propõe redução de impostos, acesso a crédito e eliminação de restrições às importações.
* Quiroga apresenta uma abordagem mais conservadora, com um rigoroso plano de austeridade. Suas propostas incluem eliminação de impostos sobre investimento estrangeiro e abertura irrestrita à importação de combustíveis.
O primeiro turno demonstrou uma significativa mudança no cenário político boliviano, com Rodrigo Paz conquistando territórios tradicionalmente dominados pelo MAS. Em La Paz, segundo maior colégio eleitoral, alcançou 47% dos votos, e em El Alto, obteve expressivos 59%.
A disputa pelo segundo turno mostra-se acirrada, com ambos os candidatos buscando ampliar suas bases de apoio. Enquanto Paz recebeu o apoio formal de Samuel Doria Medina, terceiro colocado no primeiro turno, analistas indicam que parte desses votos pode migrar para Quiroga.
O resultado desta eleição definirá não apenas o próximo presidente da Bolívia, mas também o rumo que o país tomará após duas décadas de governos de esquerda, seja através de uma proposta mais conservadora ou de uma alternativa moderada.