Liesse Costa: ‘Por que precisamos cuidar do corpo, da alma e do espírito?’

Liesse Costa: ‘Por que precisamos cuidar do corpo, da alma e do espírito?’

Cuidar da integridade do nosso ser é um ato de sobrevivência e resistência, pois corpo, alma e espírito formam uma tríade inseparável onde o equilíbrio de um sustenta a saúde dos outros

Vivemos em um tempo em que a pressa parece ter se tornado o motor da existência. Corremos para alcançar prazos, resultados, metas. Corremos tanto, que muitas vezes esquecemos de onde viemos, e para onde estamos indo. Nesse ritmo acelerado, é comum que o corpo adoeça, que a alma se canse e que o espírito se cale. E, ainda assim, muitos insistem em acreditar que cuidar de si é um luxo, e não uma necessidade.

Mas cuidar do corpo, da alma e do espírito é, na verdade, um ato de sobrevivência. Somos seres integrais, e nenhuma parte nossa floresce sozinha. Quando o corpo enfraquece, o ânimo desaparece. Quando a alma se entristece, o corpo sente. Quando o espírito se apaga, tudo perde o sentido. É um círculo interligado, onde o equilíbrio depende da atenção que damos a cada dimensão do nosso ser.

O corpo: Morada e instrumento

O corpo é a primeira casa que habitamos. É nele que sentimos o frio e o calor, a alegria e a dor. É o meio pelo qual experimentamos o mundo e damos forma às nossas intenções. No entanto, frequentemente o tratamos com descuido, esquecendo que ele traduz, silenciosamente, o que carregamos por dentro.

Não se trata de buscar um corpo perfeito, essa ideia é ilusória e cruel, mas de reconhecer que a saúde física é o alicerce de todas as outras dimensões. Alimentar-se bem, dormir o suficiente, movimentar-se, cuidar da postura e respeitar os limites não são tarefas estéticas: são formas de gratidão. Gratidão à vida que pulsa em nós.

O corpo fala. Fala através das dores que ignoramos, da fadiga que insistimos em calar com café, dos sintomas que disfarçamos com remédios rápidos. Cuidar dele é ouvir essas vozes internas antes que se tornem gritos. É compreender que o bem-estar físico não é apenas ausência de doença, mas presença de vitalidade.

Na primeira carta do apóstolo Paulo aos Coríntios (6.19) ele recomenda nos atentarmos quanto ao zelo pelo nosso corpo, sendo este morada do Espírito Santo: “Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?” – Como temos cuidado do templo do Senhor?

A alma: território das emoções

A alma é o espaço onde moram nossas emoções, memórias e afetos. É o que nos torna humanos, sensíveis, empáticos. No entanto, vivemos em uma sociedade que valoriza o fazer mais do que o sentir. E o resultado disso é uma geração de pessoas exaustas, ansiosas e emocionalmente desconectadas de si mesmas.

Cuidar da alma é permitir-se sentir, mesmo que dói. É dar tempo ao tempo, resgatar o prazer nas pequenas coisas, cultivar relações sinceras e encontrar pausas no meio do caos. É conversar, chorar, rir, pedir ajuda, escrever, respirar. São gestos simples que têm o poder de nos reconectar com o que há de mais genuíno.

A alma precisa de beleza. De silêncio. De arte. De natureza. De tudo aquilo que não se mede, mas se sente. Precisamos reaprender a cuidar do invisível, desse espaço interior onde se guardam nossos medos e nossos sonhos. Quando a alma adoece, o mundo perde cor. E quando ela se reergue, o olhar volta a brilhar.

O espírito: essência e propósito

Falar de espírito é tocar em um terreno mais sutil, mas não menos essencial. O espírito é o sopro que nos anima, a centelha divina que habita em cada um de nós, independentemente de crenças religiosas. É o que nos conecta a algo maior, que dá sentido ao existir.

Em tempos de excesso de informações, o espírito pede silêncio. Pede pausa. Pede fé, não necessariamente em dogmas, mas na vida, no bem, no amor. Cuidar do espírito é cultivar a espiritualidade, e não apenas a religiosidade. É manter viva a chama da esperança, acreditar que há propósito em cada desafio e que o mundo pode ser melhor se começarmos pela nossa própria transformação interior.

O espírito é o farol que orienta quando tudo parece escuro. E como todo farol, precisa de manutenção: de meditação, de oração, de introspecção. São práticas que, quando incorporadas ao cotidiano, nos ajudam a suportar o que o corpo sente e o que a alma sofre.

O espírito que habita em nós, não é de posse nossa É de Deus! Quando este fôlego de vida apaga, ele volta ao criador como diz ⁷ E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu” – Eclesiastes 12:7

Você já agradeceu a Deus hoje pelo dom da vida?

A harmonia dos três

Cuidar do corpo sem cuidar da alma e do espírito é como pintar as paredes de uma casa com rachaduras estruturais. Cuidar da alma e esquecer o corpo é como querer dançar sem pernas. E cuidar do espírito sem olhar para o mundo concreto é como tentar viver só de ar.

O equilíbrio surge quando entendemos que corpo, alma e espírito não são partes isoladas, mas uma tríade inseparável. Uma afeta a outra o tempo todo. O corpo dá suporte à alma; a alma dá profundidade ao espírito; e o espírito dá sentido ao corpo. Quando cuidamos das três dimensões, encontramos o que tantos buscam: paz.

Essa harmonia não é um estado permanente, mas uma construção diária. Requer escolhas conscientes, dormir cedo, respirar fundo, agradecer mais, perdoar, caminhar ao ar livre, ouvir música, dizer “não” quando preciso, abraçar quem amamos, silenciar quando as palavras ferem, alimentar do Pão da Vida através da Palavra de Deus…

Não é fácil. O mundo moderno nos empurra para o desequilíbrio o tempo todo. Mas é justamente por isso que o cuidado deve ser intencional. Amar-se é resistir ao ritmo desumano que nos impõem. É dizer: “eu me importo comigo”.

Cuidar é um ato de amor.

Cuidar do corpo, da alma e do espírito não é um modismo de bem-estar. É uma forma de respeito à própria existência. É reconhecer que somos frágeis, mas também inteiros. Que a vida é breve, mas pode ser profunda. Que o tempo corre, mas podemos desacelerar por dentro.

E quando esse cuidado se torna hábito, algo muda. Passamos a lidar melhor com as dores, a compreender os outros com mais empatia, a enfrentar as dificuldades com serenidade. Deixamos de viver apenas para sobreviver, e começamos, enfim, a viver de verdade.

Porque, no fim das contas, cuidar do corpo é honrar a vida; cuidar da alma é honrar os sentimentos; e cuidar do espírito é honrar a Deus.

E quando as três partes caminham em sintonia, o mundo dentro de nós também encontra seu lugar de paz.

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Foto: Reprodução
Liesse Costa
Liesse Costa é jornalista, pós-graduado em Gestão de Pessoas, Competência e Coaching. Atua como coordenador pedagógico na área de Tecnologias Integradas e também como evangelista e líder espiritual. Desenvolve trabalhos voltados ao crescimento pessoal, com foco na mudança de crenças limitantes, expansão da consciência, inteligência emocional, Mindset e estímulo à superação da zona de conforto. Sua trajetória combina comunicação, educação, fé e desenvolvimento humano, sempre com propósito e sensibilidade.

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Liesse Costa
Liesse Costa é jornalista, pós-graduado em Gestão de Pessoas, Competência e Coaching. Atua como coordenador pedagógico na área de Tecnologias Integradas e também como evangelista e líder espiritual. Desenvolve trabalhos voltados ao crescimento pessoal, com foco na mudança de crenças limitantes, expansão da consciência, inteligência emocional, Mindset e estímulo à superação da zona de conforto. Sua trajetória combina comunicação, educação, fé e desenvolvimento humano, sempre com propósito e sensibilidade.
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