Em meio às tensões comerciais com os Estados Unidos devido ao tarifaço imposto pela Casa Branca, o governo Lula decidiu classificar como sigilosos dois telegramas diplomáticos que tratam dos negócios da JBS e dos irmãos Joesley e Wesley Batista em território americano. As informações são da colunista Malu Gaspar, em O Globo.
O Ministério das Relações Exteriores (MRE) recebeu uma solicitação via Lei de Acesso à Informação (LAI) para disponibilizar telegramas e comunicações diplomáticas trocadas entre o Itamaraty e a embaixada brasileira em Washington, relacionados à JBS e seus proprietários, no período a partir de 1º de julho.
De três telegramas identificados, apenas um foi liberado para acesso público:
* A comunicação de 26 de agosto, assinada pela embaixadora Maria Luiza Ribeiro Viotti, que analisa o impacto do tarifaço nos preços da carne bovina nos Estados Unidos.
* Dois telegramas, datados de 14 e 31 de julho, foram classificados como “reservados” com sigilo de 5 anos. O primeiro aborda investimentos de empresas brasileiras nos EUA, enquanto o segundo trata de “assuntos parlamentares” entre os países.
A JBS mantém forte presença nos Estados Unidos, com nove plantas industriais que representam aproximadamente metade de sua receita global de US$ 77 bilhões. Recentemente, a subsidiária Pilgrim”s Pride realizou uma doação de US$ 5 milhões ao comitê de posse de Trump, superando contribuições de grandes empresas americanas.
No início de setembro, Joesley Batista se reuniu com Trump na Casa Branca para discutir a taxação de 50% sobre exportações de carne brasileira, medida anunciada em 9 de julho junto com críticas ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O sigilo foi justificado pelo Itamaraty com base na Lei de Acesso à Informação, citando possíveis prejuízos às negociações ou relações internacionais do Brasil. O ministério, quando questionado, afirmou que “observa integralmente” a legislação no tratamento de comunicações oficiais. A JBS não se pronunciou sobre o assunto.