Menu
Os ministros Gilmar Mendes e Luiz Fux protagonizaram um intenso desentendimento durante o intervalo da sessão de julgamentos do Supremo Tribunal Federal (STF), na quarta-feira, 15 de outubro. O episódio ocorreu na sala de lanches adjacente ao plenário da Corte, onde testemunhas relataram uma acalorada troca de ofensas entre os magistrados.
De acordo com pessoas presentes no local, Gilmar Mendes, atual decano do STF, dirigiu-se a Fux chamando-o de “figura lamentável” e afirmou que o colega “precisa de terapia para superar traumas”. A situação foi tão tensa que três ministros que se encontravam na sala optaram por se retirar ao perceberem a escalada dos ânimos.
O desentendimento teve como pano de fundo as divergências relacionadas ao julgamento da tentativa de golpe. Gilmar Mendes criticou duramente o voto de Fux, que decidiu pela absolvição do ex-presidente Jair Bolsonaro, posicionamento que gerou insatisfação em parte do tribunal. Fux, por sua vez, defendeu-se argumentando ter o direito de se posicionar conforme seu entendimento.
A tensão entre os ministros não é recente. Em setembro, Gilmar Mendes já havia criticado publicamente o voto de Fux, classificando-o como “prenhe de incoerências” por absolver Bolsonaro e, simultaneamente, condenar seus auxiliares diretos. Na ocasião, Gilmar declarou: “Se não houve golpe, não deveria haver condenação. Condenar os executores e absolver o mandante é uma contradição nos próprios termos”.
O histórico de embates entre os magistrados inclui outras discussões acaloradas em plenário, como a ocorrida em 2023 durante o julgamento sobre o juiz de garantias. Naquele momento, Gilmar Mendes acusou Fux de obstaculizar a implementação do modelo por razões políticas e administrativas, enquanto Fux argumentava sobre a ausência de estudos técnicos e orçamentários.
A postura de Fux nos casos criminais tem gerado desconforto entre os colegas, com relatos indicando seu crescente distanciamento dos demais ministros. Membros da Corte avaliam que o desentendimento pode impactar a coesão do tribunal, especialmente considerando os importantes julgamentos que ainda estão por vir.
Os gabinetes de ambos os ministros, quando procurados, optaram por não se manifestar sobre o incidente. A avaliação geral é que o Supremo necessita manter uma imagem de unidade institucional, mesmo diante de divergências jurídicas.
