A dependência financeira continua sendo um dos principais obstáculos para mulheres romperem ciclos de violência doméstica no Brasil. Esta é a conclusão central de um estudo desenvolvido pela doutoranda Carolina Campos Afonso, da Universidade de Brasília (UnB), que analisou 10 relatórios nacionais publicados entre 2023 e 2025.
A pesquisa, apresentada no 10º Congresso Internacional de Direitos Humanos de Coimbra, revela dados alarmantes sobre a realidade brasileira:
* 61% das mulheres afirmam que a dependência financeira as impede de denunciar agressões
* 52,2% das vítimas possuem renda de até dois salários mínimos
* 17,1% foram impedidas de trabalhar ou estudar pelo agressor
* 10% não têm acesso ao próprio dinheiro
A pesquisadora Carolina Campos destaca que as desigualdades são ainda mais intensas entre mulheres negras, periféricas e com baixa escolaridade, principalmente nas regiões Norte e Nordeste. “A dependência financeira é mais severa onde há menos oportunidades. Sem renda própria, essas mulheres ficam mais vulneráveis à violência e têm dificuldade de acessar redes de proteção”, explica. As informações são do Correio Braziliense.
O estudo conclui que o enfrentamento efetivo da violência contra as mulheres requer não apenas medidas penais, mas também políticas econômicas e sociais integradas que garantam moradia, creches, serviços jurídicos e oportunidades reais de trabalho. A independência financeira, embora fundamental, precisa vir acompanhada de uma rede de proteção social que permita às mulheres manterem sua autonomia de forma sustentável.